Grupo Pardini investe em transporte de amostras biológicas de pacientes via drone
Em parceria com Speedbird, Grupo Pardini busca ampliar o acesso das coletas em áreas mais distantes e reduzir o tempo de transporte
Repórter de ESG
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 08h01.
O Grupo Pardini, de medicina diagnóstica, tem testado o uso de drone -- projetado, fabricado e operado pela Speedbird Aero -- para o transporte de amostras biológicas. Os parceiros estão estreando a primeira “avenida aérea” com três pontos de pouso e decolagem e modal complementar de coleta e entrega. Na prática, a operação pode gerar acessibilidade em áreas remotas, além de menor tempo de deslocamento.
Em cada dia de teste da rota experimental, são recolhidas amostras de pacientes de quatro laboratórios e um hospital. O drone decola da região conhecida como Mercado do Peixe no Rio Vermelho, em Salvador, já com algumas amostras. Na sequência, o drone se desloca para seu ponto final, a praia de Jaguaribe, onde as amostras seguem por terra, para a cidade Lauro de Freitas. O percurso, realizado por drone, deve economizar cerca de 30 minutos e percorrer 8 quilômetros a menos, comparando com o mesmo trajeto realizado por um veículo terrestre.
Este novo trajeto foi desenvolvido pela Speedbird Aero exclusivamente para o Grupo Pardini, considerando tanto a importância da agilidade no processamento de exames e entrega de resultados, quanto a mobilidade de acesso a locais mais remotos em diferentes regiões.
O investimento em Pesquisa & Desenvolvimento para as aenonaves de DLV2, utilizadas no teste, foi de cerca de R$600 mil. E os custos rotineiros em Salvador mensais geram em torno de R$ 25 a R$30 mil. Já todo o departamento de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Pardini vai investir outros R$ 600 mil no drone DLV4, que viaja com uma velocidade de até 100km/h e possui autonomia para voar até 100km de distância.
A rota é temporária, mas pode se tornar um trajeto fixo do Grupo Pardini a depender dos resultados dos voos experimentais que servirão para estudo de viabilidade logística e financeira. Com o avanço da Logística Aérea Não Tripulada, a expectativa é que já nos próximos 2 anos possamos ver voos entre os locais de coleta até o destino final (o Aeroporto de Salvador) sem escalas.
De Salvador, as amostras seguem por avião comercial para o Núcleo Técnico Operacional do Grupo Pardini (NTO), em Minas Gerais, onde a rede de laboratórios recebe e processa cerca de 300 mil amostras por dia, vindas de todas as regiões do país. São materiais para análises clínicas, genética molecular, testes oncológicos de alta complexidade, medicina nuclear, medicina personalizada e patologia cirúrgica.
Essas coletas vêm de cerca de 7 mil laboratórios, clínicas e hospitais em mais duas mil cidades do país, além de mais de 180 unidades próprias. Diariamente, são mais de 92 mil quilômetros percorridos em 396 rotas terrestres. Sem contar o suporte aéreo e fluvial para atender todas essas localidades.
Drones no Grupo Pardini
A rede de medicina diagnóstica afirma ser a primeira do setor a iniciar testes para realizar coletas e entregas de exames laboratoriais por meio de drones no Brasil. O projeto está em execução há três anos, em fase de aprovação final pela ANAC. Os aprendizados em cada voo teste e a nova rota experimental devem contribuir para a definição de regras e desenvolvimento de protocolos de segurança.
Agora, o Pardini e a Speedbird estão em fase de teste de campo para obtenção de uma nova certificação - o CAER - Certificado de Aeronavegabilidade Especial para RPA (Aeronave Remotamente Pilotada). Esta é necessária para que as aeronaves possam realizar voos BVLOS (além da linha de visão) até 120 metros em relação ao nível do solo, em voos automatizados, monitorados pelo operador.
A Autorização de Projeto ANAC certifica um modelo, enquanto o CAER autoriza cada unidade específica desse modelo a voar no Brasil. A aeronave DLV2, certificada e homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC, por exemplo, tem capacidade para transportar até 5.8 quilos e pode voar a uma distância de até 15 km do ponto de decolagem.
Desde o início do projeto, já foram realizados voos de teste em quatro outras cidades (Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Itajaí (SC), e São Sebastião (SP) com a aeronave DLV2, explorando diferentes tipos de desafios geográficos, e de logística. Todos os testes servem também para validação de rotas, para substanciar logs de voos, nos relatórios exigidos pela ANAC.
Após a emissão do CAER, segue-se o caminho já mapeado, como solicitar o voo junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e alinhar a necessidade de validação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), bem como Vigilâncias Sanitárias Estaduais e Municipais sobre os materiais transportados.
Agora, um próximo desafio, é conseguir junto à ANVISA a autorização para transportar outras categorias de materiais biológicos como, por exemplo, amostras em tubos de sangue, urina, líquidos corporais e outros, para teste rotineiros de triagem laboratorial, classificados mundialmente como UN3373.
"Estamos demonstrando, a cada voo, segurança no transporte, redução de custo e de tempo. É um processo longo, disruptivo e visionário. É inovação com o propósito de salvar vidas. Queremos poder voar de laboratórios para hospitais, de laboratórios para outros laboratórios e de laboratórios para aeroportos, nos grandes centros", diz o CEO da Speedbird Aero, Manoel Coelho.
Segundo o diretor de negócios Lab-to-Lab do Grupo Pardini, Fernando Ramos, a rede atua para que seja possível transportar as amostras de cerca de 7 mil laboratórios, hospitais e clínicas espalhados por 2 mil municípios do país para as diversas unidades de processamento do Grupo.
“Dependemos do transporte terrestre e aéreo, que possuem seus desafios particulares como o alto custo e as interferências recorrentes causadas por situações diversas, como acidentes, congestionamentos e cancelamento de voos comerciais. Acredito que os drones têm potencial para revolucionar a logística na saúde daqui a alguns anos, ao trazer mais eficiência em termos de custo e tempo de transporte, além de apresentar menor impacto ambiental”, diz Ramos.
O executivo lembra que, para os pacientes, cada segundo é importante. “A redução de tempo de transporte de amostras por drone, como indicado nos testes que realizamos, pode acelerar a liberação de diagnósticos e, assim, ajudar médicos a tomar decisões mais rapidamente, colaborando com a saúde de nossos pacientes".