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Depois de crédito social para PMEs femininas, ESG agora é foco do Daycoval

O Banco Daycoval, que atua com produtos financeiros para pequenas e médias empresas, quer expandir atuação para as demais letras do ESG

ESG: Banco Daycoval quer adotar critérios ambientais e de governança e expandir compromissos sociais (Getty Images/Getty Images)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 1 de maio de 2021 às 08h00.

O Banco Daycoval levantou recentemente um empréstimo de 400 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais) junto ao IFC, do Banco Mundial, para financiar pequenas empresas . O esforço conjunto também envolveu outras dez instituições financeiras, nacionais e internacionais. Mas, não é de hoje que o Banco olha para as pequenas empresas, um dos principais alvos de sua operação. Dos 37 bilhões de reais que adminstra, 75% - o equivalente a 27,5 bilhões de reais - são créditos para empresas. Desse percentual, 80% é destinado a PMEs.

Com a pandemia, porém, um novo recorte social passou a fazer parte da agenda prioritária da empresa: as companhias lideradas por mulheres. “Respiramos o relacionamento com empresas. Nossa vocação é crédito e o crédito para empresas sempre foi uma parcela importante dessa carteira”, disse Ricardo Gelbaum, diretor de relações com investidores do Daycoval, em entrevista à EXAME.

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Dos 2,3 bilhões de reais, que terão prazo de pagamento de até 3,5 anos, 25% serão utilizados para estimular o empreendedorismo feminino. Outros 30% servirão para dar fôlego a pequenas e médias empresas de regiões menos favorecidas do Brasil, com índices do PIB inferiores à média nacional. O restante será destinado para PMEs em geral.

A concessão faz parte de uma parceria de longa data com o IFC por meio da iniciativa “Gender Program”, que apoia instituições financeiras na sua estratégia de oferecer soluções sustentáveis às empresas pertencentes a mulheres. Essa é a nona transação junto ao IFC ao longo dos últimos 14 anos.

“Esse acabou sendo um caminho natural para explorarmos”, diz Paulo Saba, diretor de tesouraria do Banco Daycoval. “Nossa missão é sempre estar em busca da melhor alocação dos recursos que recebemos, e entendendo que a nova priorização por PMEs, especialmente as lideradas por mulheres, ganham uma nova importância para o Banco Mundial, isso também passa a ser indispensável para nós”.

Os critérios sociais e de gênero também já fizeram parte de transações anteriores do Banco. Em 2019, uma transação feita com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), teve como ângulo a diversidade racial, econômica e de gênero. “Somente com a prática, podemos tornar isso uma política constante”, diz Saba.

Em um novo momento, o banco - que já tem 50 anos de existência - passa a olhar para o ESG (sigla em inglês para critérios ambientais, sociais e de governança). O posicionamento é parte da estratégia em se tornar um parceiro ativo das pequenas e médias empresas, principalmente durante a pandemia.

Nesse cenário, o Daycoval está mais adiantado no quesito social ao explorar novas soluções para serviços já disponíveis para PMEs, segundo Saba. “A pandemia nos mostrou que as possibilidades junto das pequenas e médias são infinitas, e a cada hora descobrimos novos recortes sociais que até então não explorávamos”, diz.

Depois do S, o Daycoval quer dar novos passos rumo às outras letras do ESG. Segundo Gelbaum, o acesso aos recursos disponibilizados junto a outras instituições globais passará, cada vez mais, por novos filtros sociais - e em um futuro próximo, ambientais.

“Aprendemos na prática. Ao invés de ficarmos na teoria do que de fato é o E, o S ou o G, vamos criando soluções que nos ajudam a atingir um posicionamento real nesse novo contexto”, diz Gelbaum.

De início, a intenção, segundo Saba, é cumprir com os requisitos sociais. Em um segundo momento, o banco pretende melhorar as práticas de governança das transações, em um esforço para melhorar a atuação no G do ESG.

Para o futuro, também estão no radar as transações com foco no ambiental. “Pensamos em transações que facilitem investimento ou suporte a companhias de eficiência energética, que tragam eficiência e até mesmo trabalhem com reflorestamento”, diz.

Considerado um banco de médio porte, o Daycoval tem à sua frente desafios próprios, como o de estabelecer uma boa liquidez e uma base de capital robusta. Mas, para Gelbaum, o caminho rumo à responsabilidade socioambiental, apesar de desafiador, independe do tamanho da companhia. "Somos um banco de médio porte, mas vemos que gigantes dizem ser "verdes", quando, na realidade, não são", afirma. "Tem a ver com comprometimento, e não com porte. Não queremos dizer que fazemos, queremos fazer".

Em 2020, o Daycoval registrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, um crescimento de 15% em comparação com o ano de 2019, e um patrimônio líquido de 4,4 bilhões de reais.

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