Como o Google usará satélites e inteligência artificial para rastrear vazamentos de metano
O satélite MethaneSAT, do Google, será levado ao espaço a bordo de um foguete operado pela companhia do empresário Elon Musk, a SpaceX
Repórter de ESG
Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 10h55.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2024 às 10h58.
A empresa de softwares e tecnologia Google anunciou que fornecerá a estrutura de computação e inteligência artificial (IA) para processar dados de emissões de metano com o satélite MethaneSAT. O aparelho será levado ao espaço a bordo de um foguete operado pela companhia do empresário Elon Musk, a SpaceX.
“Anunciamos uma parceria com o Environmental Defense Fund (EDF) que combina a nossa ciência e tecnologia para reduzir as emissões de metano. Esta é uma das ações mais poderosas e de curto prazo que podemos tomar para reduzir o aquecimento global”, afirma Yael Maguire, vice-presidente e gerente geral, desenvolvedor geográfico e de sustentabilidade do Google.
O satélite tem como objetivo rastrear as emissões de metano e auxiliar na construção de um mapa global de infraestrutura sobre petróleo, gás e possíveis vazamentos. De acordo com pesquisadores, o metano é responsável por quase um terço do aumento das temperaturas da terra desde o começo da era industrial.
Para eles, a redução das emissões de metano é uma das melhores ações a curto prazo para lidar com o aquecimento terrestre. O instrumento será capaz de orbitar a Terra 15 vezes ao dia em uma altitude de mais de cerca de 560 km.
“Ao combinar algoritmos de detecção de metano com computação em nuvem e aplicar IA a imagens de satélite para identificar infraestruturas de petróleo e gás em todo o mundo, o nosso objetivo é ajudar a EDF a quantificar e rastrear as emissões de metano até a fonte. Com esta informação, as empresas de energia, os investigadores e o setor público podem tomar medidas para reduzir as emissões da infraestrutura de petróleo e gás de forma mais rápida e eficaz”, diz Maguire.
Investimento na detecção de metano
O MethaneSAT custou cerca de R$ 437 milhões (um total de US$ 88 milhões) e foi projetado para conseguir mensurar as emissões de metano que outros satélites não conseguem identificar. Além disso, a tecnologia pode calcular quantas são as emissões, de onde elas são e como mudam. Dessa forma, o satélite é uma ferramenta para regulamentação da implementação de taxações financeiras para lidar com vazamentos.
O satélite, anunciado há seis anos pelo Environmental Defense Fund (EDF) teve atrasos por conta da pandemia mas mesmo assim, a equipe do fundo afirmou que a parceria com o Google permite que o satélite use o Google Cloud, além de inteligência artificial (IA), mapeamento e imagens de satélite, para fornecer o primeiro mapa capaz de expor como equipamentos contribuem para vazamentos de metano. Além disso, o projeto conta com a colaboração de cientistas da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas da Universidade de Harvard, além do Centro de Astrofísica da instituição e cientistas do Observatório Astrofísico Smithsonian.
“Além de detectar emissões, demos um passo à frente para criar um mapa global da infraestrutura de petróleo e gás, com o objetivo de compreender quais os componentes que mais contribuem para as emissões. Assim como usamos a IA para detectar calçadas, placas de ruas e nomes de estradas em imagens de satélite exibidas no Google Maps, também usaremos a IA para identificar infraestruturas de petróleo e gás, como contêineres de armazenamento de petróleo. Em seguida, iremos combinar as imagens com as informações da EDF sobre a infraestrutura de petróleo e gás para localizar a origem das emissões”, afirma Maguire.
Como a ferramenta pode ajudar empresas
Maguire explica que, para ajudar organizações, os conhecimentos obtidos a partir da ferramenta estarão disponíveis no site do MethaneSAT – disponibilizadas pelo Google Earth Engine, a plataforma de monitoramento ambiental da companhia.
Será possível fazer correlações com outros dados. “Os usuários do Earth Engine podem combinar dados sobre o metano com outros conjuntos de dados, como cobertura do solo, florestas, água, ecossistemas, fronteiras regionais e muito mais, para monitorar as emissões de metano em uma determinada área ao longo do tempo”, diz Maguire.