Chile planeja subsídio milionário para projetos de hidrogênio verde
O país, que é o principal produtor de cobre do mundo, quer se apoiar na fonte renovável para se tornar neutro em carbono até 2050
Maria Clara Dias
Publicado em 11 de março de 2021 às 14h47.
O Chile planeja iniciar uma licitação dentro de um mês para conceder 50 milhões de dólares em subsídios para projetos de hidrogênio verde em meio à meta do maior produtor mundial de cobre de se tornar neutro em carbono.
O Ministério de Energia e Minas identificou cerca de 40 projetos em setores como mineração e infraestrutura e recebeu considerável interesse de grupos chilenos e estrangeiros, disse o ministro de Energia, Juan Carlos Jobet. Os fundos seriam concedidos no final do ano.
“Vemos muita tração no hidrogênio verde”, disse Jobet em entrevista na quarta-feira. “O objetivo principal é aumentar a produção, reduzir o custo da eletrólise, que é o maior desafio.”
O hidrogênio verde - produzido pela extração do gás da água por meio de eletrolisadores movidos a energia eólica e solar - é visto como estratégico para eliminar as emissões de carbono do setor industrial. Aumentar a produção chilena ajudaria o país a cumprir a meta de se tornar neutro em carbono até 2050 e ajudaria mineradoras a migrarem para um combustível mais limpo em um momento de crescente escrutínio por parte de investidores. O Chile possui grande capacidade de energia solar no deserto ao norte e de eólica no sul.
Os possíveis investidores incluem produtores locais de energia e fornecedores internacionais de hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis que buscam se estabelecer em um país que terá papel fundamental em hidrogênio verde no futuro, disse Jobet.
A Anglo American planeja iniciar uma usina piloto de células a combustível em uma de suas minas chilenas, enquanto a Antofagasta está entre os produtores que estudam usar caminhões movidos a hidrogênio. Outras empresas avaliam usar hidrogênio em caldeiras e trens, disse Jobet.
O Ministério de Energia e Minas também está montando uma equipe de assessoria técnica com o Ministério da Fazenda para um plano de preços mais altos de carbono que permitiria ao hidrogênio verde competir melhor com combustíveis fósseis, afirmou.