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Saúde mental precisa virar prioridade também no ambiente profissional

Levantamento da OMS estima que são perdidos cerca de 12 bilhões de dias de trabalho a cada ano devido à depressão e à ansiedade

Empresas precisam começar a olhar com atenção o crescimento dos transtornos mentais em seus funcionários (Leeloo Thefirst/Pexels/Divulgação)

Empresas precisam começar a olhar com atenção o crescimento dos transtornos mentais em seus funcionários (Leeloo Thefirst/Pexels/Divulgação)

A pandemia de Covid-19 fez com que a saúde mental ocupasse um espaço privilegiado no quadro de preocupações de todos. Não por acaso: segundo o Relatório Global de Saúde Mental da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado em junho, no primeiro ano da pandemia houve um aumento de mais de 25% nos casos de transtornos mentais como depressão e ansiedade. Isso, sobre uma base de quase um bilhão de pessoas que já viviam com tais condições antes de a Covid-19 se tornar uma ameaça global. 

Em setembro do ano passado, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) se juntou à OMS no apelo por medidas para combater transtornos de saúde mental no ambiente profissional. Um levantamento das duas organizações estima que são perdidos cerca de 12 bilhões de dias de trabalho a cada ano devido à depressão e à ansiedade, com um custo próximo de US$ 1 trilhão – mais da metade do PIB brasileiro, estimado em US$ 1,6 trilhão em 2021, segundo o Banco Mundial. 

As preocupações que colocam em xeque nossa saúde mental estão presentes em nossas vidas cotidianas desde antes da pandemia: o ritmo acelerado da vida moderna, com a comunicação digital instantânea, tornou urgente todos os assuntos e quase eliminou prazos para reflexão e preparação. Este estado de pressão psicológica fez da síndrome de burnout tema de inúmeras reportagens, para ficar em só um exemplo. Mas a Covid-19, que impôs limitações à vida de todos, também ampliou muitos medos e situações críticas com que lidamos todos os dias: conflitos familiares e no trabalho, solidão, preocupações com o futuro, maior exigência e insegurança nos empregos, violência e aquele que puxa a lista: o receio de contrair doenças. 

Transtornos mentais ainda são alvo de fortes preconceitos, mesmo sendo um mal tão comum e presente. Muitas vezes, a ajuda médica de profissionais (psicólogos, psiquiatras, psicanalistas etc.) é postergada por conta desse estigma que o tratamento carrega. Adiar a busca por ajuda e apoio pode levar a um quadro mais complexo --o que poderia ser mais fácil de tratar, se torna uma questão muito mais séria. 

Durante a pandemia, verificou-se na base de beneficiários da Qualicorp, plataforma de escolha de planos de saúde, um aumento na busca por atendimento psicológico. No período mais crítico, houve um crescimento de 10,4% na frequência de utilização dos serviços de psicologia.  A partir de março de 2022, o crescimento foi de 7,35%. 

Com o subfinanciamento da saúde mental no Brasil, que representa menos de 2% do orçamento do SUS, a saúde suplementar desempenha um papel de maior importância em levar apoio a quem tem quadro de transtornos mentais. 

Um fator que tem elevado a busca por ajuda psicológica é a decisão da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que entrou em vigor em agosto, de não mais limitar o número de consultas e sessões com psicólogos para usuários de planos de saúde. Antes, o limite para esse atendimento variava de 12 a 40 sessões por ano, estendendo o alcance do atendimento psicológico e psiquiátrico e induzindo ao crescimento da demanda por profissionais de saúde mental. 

As pressões da vida moderna tendem a se intensificar – e o temor de um agravamento da atual pandemia, ou mesmo do surgimento de outra irá nos acompanhar. Atualmente, dispomos de recursos e podemos contar com apoio profissional, tendo em vista que já se pode dizer que o imenso obstáculo cultural e social, que predominava no passado, está sendo superado.  

Cuidar da saúde mental é o pilar fundamental para o bem-estar geral, e precisa figurar entre as prioridades de todos no mundo de hoje. 

* médico e diretor da Qualicorp, responsável pelo Programa Qualiviva 

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