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Plano Safra tem recursos inéditos para inovação no campo

Plano Safra 2022/23 foi bem recebido pelo setor, apesar do aumento de juros nos financiamentos, que terão taxas de até dois dígitos

Plano Safra: O maior incremento virá da oferta de crédito com taxas de juros de mercado, que deve chegar a R$ 145,18 bilhões. (Enrique Marcarian/Reuters)

Plano Safra: O maior incremento virá da oferta de crédito com taxas de juros de mercado, que deve chegar a R$ 145,18 bilhões. (Enrique Marcarian/Reuters)

Os recursos destinados à sustentabilidade e inovação no campo tiveram um aumento de 35% pelo novo Plano Agrícola e Pecuário do governo federal. O Plano Safra 2022/23  foi bem recebido pelo setor, apesar do aumento de juros nos financiamentos, que terão taxas de até dois dígitos mas estarão abaixo da Selic atual e serão menores para pequenos produtores. Anunciado no final de junho com previsão de R$ 341 bilhões, 36% a mais que no ano passado, é o plano de maior valor da história, segundo a CNA (Confederação Nacional de Agricultura).

Há somas significativas para incentivar a inovação tecnológica no monitoramento da produção, conservação do solo, geração de energia limpa e desenvolvimento de técnicas produtivas mais sustentáveis, com redução da emissão de carbono. Só para o Inovagro serão R$ 3,52 bilhões, com financiamentos de 10,5% ao ano. É dinheiro para sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento e automação das atividades agropecuárias e para geração e distribuição de energia de fontes renováveis.

Para o programa ABC, serão R$ 6,19 bilhões, com taxas entre 7% e 8,5% ao ano, em financiamentos da recuperação de áreas e pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-florestas e práticas ecologicamente mais eficientes para uso, manejo e proteção dos recursos naturais.

Na sua nota técnica nº 20, a CNA ressalta que o plano foi construído em meio a uma série de adversidades econômicas, políticas e climáticas que trouxeram grandes dificuldades ao setor, mas que “atende, em grande medida, as expectativas do setor agropecuário”. A grande preocupação para a agroindústria “é que o volume de recursos anunciados efetivamente esteja à disposição dos produtores rurais quando buscarem as instituições financeiras”, diz a nota.

Para a CNA, entre as mudanças positivas, destacam-se: aumento do volume de recursos especialmente para pequenos e médios produtores; o crédito para investimento passou a financiar remineralizadores de solo (pó de rocha), telefonia rural, sistemas para geração e distribuição de energia, softwares e licenças para gestão, monitoramento e automação das atividades produtivas.

O setor cafeeiro também apontou as vantagens no novo plano safra. Marcos Matos, diretor geral, e Silvia Pizzol, gestora de Sustentabilidade do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), publicaram artigo em que destacam a adaptação às mudanças climáticas na linha de crédito Pronaf ABC+Bioeconomia, que passa a financiar a adoção de práticas conservacionistas do sistema solo-água-planta e sistemas integrados de produção, a exemplo do Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

São R$ 6,19 bilhões para enfrentar a mudança do clima no setor agropecuário (Plano ABC+), 22,5% a mais que no ano anterior. Para eles, é “o maior volume de recursos da história para investimentos em práticas que aumentam a eficiência produtiva e conservam solo, água e vegetação, ampliando o sequestro de carbono da atmosfera”.

Entre os vários itens financiados nessa linha de crédito, estão a adubação verde, plantio de cultura de cobertura do solo, construção de instalações para implantação ou ampliação de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes na propriedade rural para uso próprio. A aplicação dessas práticas na cafeicultura e em outras, como sistemas integrados, “é um importante estímulo para o agro brasileiro atingir seu potencial de descarbonização, contribuindo para o enfrentamento global das mudanças climáticas”, dizem os conselheiros do Cecafé.

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