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XP Investimentos quer criar comercializadora de energia elétrica

A empresa quer aproveitar sua experiência no setor para buscar mais negócios no mercado livre de eletricidade

XP: "Estamos estruturando nossa comercializadora, e até o final do ano, antes do último trimestre, devemos estar em operação" (Germano Lüders/Site Exame)
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Reuters

Publicado em 18 de julho de 2017 às 18h38.

São Paulo - A corretora XP Investimentos , uma das maiores do Brasil, pretende lançar ainda neste ano uma comercializadora de energia elétrica para atuar principalmente em negócios com grandes volumes, no atacado, e na oferta de contratos financeiros de eletricidade, disse à Reuters um executivo da companhia nesta terça-feira.

A empresa hoje já intermedia contratos financeiros de energia e presta consultoria no setor, mas a ideia é aproveitar essa experiência para buscar mais negócios no mercado livre de eletricidade, onde grandes consumidores, como indústrias, podem fechar a compra de eletricidade diretamente junto a geradores ou comercializadoras.

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"Estamos estruturando nossa comercializadora, e até o final do ano, antes do último trimestre, devemos estar em operação. Vamos focar muito no atacado, para dar soluções para os clientes oferecendo produtos financeiros", afirmou o chefe da área de energia da XP, Rafael Carneiro.

Os contratos financeiros não exigem a entrega física da energia pelo vendedor. Nessas operações, compradores ou vendedores podem apostar em um preço futuro da energia ou se proteger de oscilações de preços, como em outros mercados de commodities. As posições são liquidadas contra o preço spot da energia elétrica, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), em mercado de balcão.

"Queremos estimular e fomentar o uso dos contratos financeiros", disse Carneiro.

Ele ressaltou que a empresa buscará negócios com boa rentabilidade e apostará na força de sua marca para atrair clientes, ainda mais depois da recente aquisição de 49,9 por cento da corretora pelo Itaú Unibanco, em maio.

"A marca da XP acaba atraindo. E depois dessa operação com o Itaú, sem sombra de dúvidas a XP será vista como uma excelente contraparte nesse mercado", disse.

O executivo citou contratos com preços atrelados ao dólar ou a outros índices diferentes da inflação como alguns exemplos de produtos financeiros de energia elétrica que poderão ser oferecidos pela comercializadora da XP.

Reforma ajuda aposta

A XP já atende cerca de 50 clientes no setor elétrico, onde presta consultoria e serviços como a intermediação de contratos financeiros de eletricidade entre comercializadoras e clientes, que são registrados na Cetip ou na bolsa B3.

Mas a aposta da corretora é em um crescimento mais forte do mercado de contratos financeiros a partir de uma reforma nas regras do setor elétrico que o governo federal pretende concluir até o início de 2018.

Uma das propostas da reforma é a separação entre a comercialização de contratos de eletricidade e a contratação de novas usinas, que é a compra do chamado "lastro", ou energia física.

Na prática, essa separação deve facilitar a negociação de contratos de eletricidade como produtos financeiros, desobrigando quem quer atuar no mercado de possuir uma usina de geração ou se cadastrar como agente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), disse Carneiro.

"Se isso for realmente aprovado, é o grande mote do contrato financeiro... isso abre as portas para que novos participantes entrem nesse mercado, tal como bancos e fundos, que podem vir a negociar esses contratos", explicou.

A reforma das regras atualmente em discussão no governo prevê também uma expansão do mercado livre de eletricidade nos próximos anos, com redução gradual das exigências para que um consumidor compre energia nesse ambiente.

"O mercado financeiro de energia vai ser uma consequência natural da expansão do mercado livre, que vai exigir mais participantes, mais ferramentas de gestão de risco", disse.

Privatizações

O chefe de energia da XP Investimentos também mostrou otimismo quanto às demais propostas do governo para o setor elétrico, incluindo a criação de incentivos para que estatais como a Eletrobras vendam ativos para o setor privado.

Segundo Carneiro, não devem faltar interessados nessas oportunidades, mesmo em um momento em que diversas outras elétricas buscam vender ativos, incluindo um plano do governo paulista para privatizar a geradora estatal Cesp.

"O setor tem atraído bastante interessados. Eu, particularmente, não tenho uma visão de que há mais oferta (de ativos) do que demanda. O setor deve atrair grandes participantes", disse.

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