Vendas da indústria de caminhões são as piores desde 2006
Crise econômica e falta de confiança dos empresários frotistas são algumas das razões para a queda
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2015 às 09h28.
São Paulo - A indústria de caminhões não vendia tão pouco num primeiro quadrimestre desde 2006, quando 22,7 mil unidades foram adquiridas. Neste ano, foram 25 mil unidades.
Em relação aos primeiros quatro meses de 2014, a queda foi de 39,3%. Crise econômica e falta de confiança dos empresários frotistas são algumas das razões para a queda.
O setor prevê para o ano todo vendas de cerca de 90 mil caminhões, projeção considerada otimista por uma ala do mercado.
Se confirmado, será o pior desempenho do segmento desde 2007 e representará queda de mais de 30% em relação aos 137 mil caminhões vendidos em 2014, que já foi 11,3% menor que o número do ano anterior, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Demissões
Para Stephan Keese, responsável pela área automotiva da consultoria Roland Berger, nos últimos anos o mercado de caminhões "teve uma demanda acima da necessidade" porque foi incentivado pelos baixos juros do Finame, o programa de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Era esperado, portanto, que o mercado começasse a voltar a um tamanho natural, mas a crise que se assiste hoje, segundo executivos do setor, é a mais grave em muitos anos. "Essa recessão deve durar de 18 a 24 meses", admite Keese.
Retrato dessa crise, a Mercedes-Benz, segunda maior em vendas de caminhões no País, pretende demitir 500 trabalhadores até o fim do mês, de um grupo de 750 que está em lay-off (contratos suspensos) há um ano na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Mesmo após esse corte, a empresa afirma que ainda terá 1.750 funcionários excedentes, num quadro total de 10,5 mil pessoas.
A MAN Latin America, líder do mercado e também fabricante dos caminhões da marca Volkswagen, opera desde o ano passado com jornada e salários reduzidos em 10% na fábrica de Resende (RJ). Scania, Ford, Iveco, Caoa e Agrale têm adotado férias coletivas e folgas extras.
A Volvo, de Curitiba (PR), alega ter 600 excedentes - de um total de 4,2 mil. Operários da área de produção estão em greve desde o dia 8 contra possíveis demissões. É a mais longa paralisação na história da empresa.
Executivos do setor não veem sinais de melhora no mercado no médio prazo. Ao contrário. Além da crise em si, as indicações do Palácio do Planalto são de que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com juros subsidiados à compra de bens de capital deve terminar no meio do ano.
Outra reivindicação da Anfavea e das centrais sindicais, de que o governo adote um programa de incentivo à renovação da frota de caminhões com mais de 30 anos não deve sair do papel.
São Paulo - A indústria de caminhões não vendia tão pouco num primeiro quadrimestre desde 2006, quando 22,7 mil unidades foram adquiridas. Neste ano, foram 25 mil unidades.
Em relação aos primeiros quatro meses de 2014, a queda foi de 39,3%. Crise econômica e falta de confiança dos empresários frotistas são algumas das razões para a queda.
O setor prevê para o ano todo vendas de cerca de 90 mil caminhões, projeção considerada otimista por uma ala do mercado.
Se confirmado, será o pior desempenho do segmento desde 2007 e representará queda de mais de 30% em relação aos 137 mil caminhões vendidos em 2014, que já foi 11,3% menor que o número do ano anterior, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Demissões
Para Stephan Keese, responsável pela área automotiva da consultoria Roland Berger, nos últimos anos o mercado de caminhões "teve uma demanda acima da necessidade" porque foi incentivado pelos baixos juros do Finame, o programa de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Era esperado, portanto, que o mercado começasse a voltar a um tamanho natural, mas a crise que se assiste hoje, segundo executivos do setor, é a mais grave em muitos anos. "Essa recessão deve durar de 18 a 24 meses", admite Keese.
Retrato dessa crise, a Mercedes-Benz, segunda maior em vendas de caminhões no País, pretende demitir 500 trabalhadores até o fim do mês, de um grupo de 750 que está em lay-off (contratos suspensos) há um ano na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Mesmo após esse corte, a empresa afirma que ainda terá 1.750 funcionários excedentes, num quadro total de 10,5 mil pessoas.
A MAN Latin America, líder do mercado e também fabricante dos caminhões da marca Volkswagen, opera desde o ano passado com jornada e salários reduzidos em 10% na fábrica de Resende (RJ). Scania, Ford, Iveco, Caoa e Agrale têm adotado férias coletivas e folgas extras.
A Volvo, de Curitiba (PR), alega ter 600 excedentes - de um total de 4,2 mil. Operários da área de produção estão em greve desde o dia 8 contra possíveis demissões. É a mais longa paralisação na história da empresa.
Executivos do setor não veem sinais de melhora no mercado no médio prazo. Ao contrário. Além da crise em si, as indicações do Palácio do Planalto são de que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com juros subsidiados à compra de bens de capital deve terminar no meio do ano.
Outra reivindicação da Anfavea e das centrais sindicais, de que o governo adote um programa de incentivo à renovação da frota de caminhões com mais de 30 anos não deve sair do papel.