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Vale a pena fazer pesquisa de boca-de-urna?

As pesquisas de intenção de voto podem ser comparadas aos resultados da apuração? É correto esperar que a contagem dos votos nas urnas seja fiel aos números dos institutos de pesquisa? Respostas: não e não. Algumas redes de televisão, assim que a apuração de domingo foi iniciada, compararam a contagem dos votos com pesquisas feitas […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

As pesquisas de intenção de voto podem ser comparadas aos resultados da apuração? É correto esperar que a contagem dos votos nas urnas seja fiel aos números dos institutos de pesquisa? Respostas: não e não. Algumas redes de televisão, assim que a apuração de domingo foi iniciada, compararam a contagem dos votos com pesquisas feitas na véspera do dia da eleição, mostrando um descompasso entre os dois. Compararam errado.

A pesquisa eleitoral feita antes de os eleitores irem às urnas não tem obrigação de adivinhar o que vai acontecer. Nem é para isso que ela existe. Fazer dela uma bola-de-cristal é tão equivocado quanto acreditar que o resultado desse tipo de levantamento não influencia na decisão dos eleitores. O que uma pesquisa faz é registrar uma tendência. O voto que o entrevistado declara ao pesquisador é a intenção dele naquele momento - o que não significa que com certeza absoluta ela será concretizada. Mais do que a estatística, isso impõe às pesquisas uma margem de erro no tempo.

Segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, em um artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo de 08/10, a boca-de-urna "permite informar o resultado das eleições - dentro dos limites estatísticos de erro amostral - assim que a votação é encerrada". Existe, entretanto, um tipo de pesquisa que pode ser comparada aos números da apuração oficial: a boca-de-urna. O eleitor declara seu voto depois de tê-lo feito.

Na eleição do dia 6 de outubro, o Ibope optou por fazer boca-de-urna na votação para presidência e para os governos estaduais. O resultado, divulgado no início da noite de domingo, não refletiu a realidade: Lula aparecia com 49% dos votos válidos (obteve 46,4%), José Serra tinha 20% (foram 23,2%), Garotinho 17% (contra 17,9%), e Ciro Gomes, 13% (12%). A margem de erro era de 1 ponto percentual para mais ou para menos, portanto a pesquisa errou.

O Ibope também foi surpreendido em levantamentos de intenção de voto. No governo de São Paulo, por exemplo, a subida de José Genoino só foi detectada no dia anterior às eleições. O instituto também apontava como certa a vitória de Zeca do PT na reeleição para o governo do Mato Grosso do Sul, onde haverá segundo turno.

Para Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, o erro involuntário dos eleitores é uma das principais explicações para as imprecisões, inclusive na pesquisa de boca-de-urna. O fato de esta ter sido a primeira eleição 100% eletrônica do Brasil pode ter atrapalhado alguns resultados, principalmente os de pesquisas pré-eleitorais. "O chamado erro involuntário, impossível de ser previsto, foi intensificado com a introdução do voto eletrônico, principalmente nas regiões mais pobres", diz Montenegro. "O ideal seria fazer a pesquisa com uma urna eletrônica."

Já o Datafolha optou por não fazer boca-de-urna, já que o resultado da apuração eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral seria divulgado em pouco tempo. E, se a boca-de-urna pretende mesmo ser um registro do voto realizado, para ser conferido poucas horas depois, o resultado precisaria estar o mais próximo possível da realidade. Com ou sem urna eletrônica.

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