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UM REI DIFERENTE

Com um chapéu parecido com o de Indiana Jones fincado na cabeça, o paulistano Eduardo Ribeiro Ralston, 53 anos, sacoleja numa caminhonete enquanto percorre os pastos de sua vasta fazenda em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Com tração nas quatro rodas, o veículo passa por cima de curvas de nível e pára algumas centenas […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.

Com um chapéu parecido com o de Indiana Jones fincado na cabeça, o paulistano Eduardo Ribeiro Ralston, 53 anos, sacoleja numa caminhonete enquanto percorre os pastos de sua vasta fazenda em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Com tração nas quatro rodas, o veículo passa por cima de curvas de nível e pára algumas centenas de metros mais à frente nas proximidades de uma área onde o capim está mais verde. Formado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Ralston coloca o braço esquerdo para fora da caminhonete e aponta na direção do pasto verdejante. "Veja a diferença", diz ele. "Só faz uma semana que jogamos o composto ali." O composto a que ele se refere é uma mistura de água e dejetos retirados das 40 granjas de suínos e frangos instaladas na propriedade a pouca distância dali. "Esse é um adubo que possui todos os elementos de que a pastagem necessita", diz.

O que para os produtores de suínos e frangos da Europa, com suas apertadas propriedades rurais, é um problema sério para Ralston é uma solução. "Como eu preciso estar sempre melhorando as pastagens, os dejetos são para mim uma matéria-prima fantástica, que, além do mais, sai de graça", afirma. Nascido numa família de produtores de cana e laranja de Terra Roxa, município do interior de São Paulo, Ralston está em Rio Verde desde 1977. Na sua propriedade de 3 mil hectares, cria 3 mil cabeças de gado - cruzamento industrial de nelore com caracu - e explora um seringal de 80 hectares. Há pouco mais de um ano, a pecuária e a extração de látex deixaram de ser as únicas atividades da fazenda. Ralston é um dos produtores integrados que passaram a produzir frangos e suínos para a Perdigão desde a instalação da empresa em Rio Verde há um ano e meio.

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Pela propriedade, espalham-se cinco núcleos, divididos em oito galpões. No total, ali estão sendo engordados 20 mil porcos e meio milhão de frangos por período. Três desses núcleos foram doados a amigos em troca da matéria-prima para fazer o composto orgânico com o qual pretende melhorar as pastagens. "Em um ano, o valor dos dejetos me paga a doação", afirma. Ele está otimista. Pastagens mais verdes significam arrobas a mais e garantia de bolsos mais cheios na hora de entregar o gado para abate nos frigoríficos. Aumento de receita, em qualquer atividade, costuma vir acompanhado de aumento de despesa. "No meu caso, há um paradoxo", diz Ralston. "Vou aumentar as receitas e ao mesmo tempo reduzir custos, com economia de adubos e sal."

No total, ele investiu 5 milhões de reais - saídos do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste - para construir os galpões e instalar a infra-estrutura necessária para o funcionamento das granjas. A sua meta é dobrar o lucro líquido do negócio no decorrer dos 12 anos em que terá de prazo para amortizar o financiamento. Depois de liquidar seus compromissos, a expectativa é quintuplicar a margem de lucros. "Investi 5,5 milhões de reais para ser o rei do gado, mas estou virando o rei da b....", afirma.

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