Trump aviva disputa política sobre reforma da regulação bancária
Embora o decreto seja fraco em detalhes, o mercado viu a decisão como sinal de menos regulação bancária, o que levantou as ações de bancos
Reuters
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 21h15.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2017 às 21h20.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , determinou nesta sexta-feira revisões em grande número de regras bancárias postas em prática após a crise financeira de 2008, atraindo críticas dos democratas, que disseram que a decisão não tem conteúdo e se alinha com os banqueiros de Wall Street.
Embora o decreto seja fraco em detalhes, o mercado financeiro viu a decisão como sinal de menos regulação bancária, o que levantou as ações de bancos. O índice de ações de bancos do Dow Jones fechou em alta de 2,6 por cento.
Num fórum da Casa Branca com líderes empresariais, incluindo o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, Trump disse que espera que a sua administração corte bastante da regulação conhecida como Dodd-Frank.
Isso envolverá muito mais do que um decreto, disse o ex-congressista democrata Barney Frank, co-autor da lei de reforma de Wall Street de 2010, que elevou exigências de capital para bancos, e criou o Bureau de Proteção financeira do Consumidor para proteção contra empréstimo predatório.
Trump "não pode fazer nenhuma alteração substancial no projeto de reforma financeira sem o Congresso", disse Frank à Reuters.
"A linguagem do decreto não faz nada. Ela diz ao secretário do Tesouro para dar-lhes algo para ler. O tom dele é enfraquecer a lei."
Trump e outros críticos da lei Dodd-Frank dizem que essa regulação têm dificultado empréstimos.
Na reunião com executivos, Trump disse: "Há tantas pessoas, amigos meus, que têm boas empresas e não podem tomar crédito... porque os bancos só não emprestam por causa das regras Dodd-Frank".
Apesar das críticas, dados recentes do Federal Reserve de St. Louis mostraram que os empréstimos de bancos comerciais atingiram o pico em 70 anos, subindo constantemente desde 2010.
A senadora democrata Elizabeth Warren, que fez lobby para criar o Bureau de Proteção Financeira do Consumidor acusou Trump de abandonar cidadãos de média e baixa renda para ajudar bancos.
Um decreto assinado por Trump exige que o secretário do Tesouro dos EUA apresente possíveis mudanças na regulamentação e na legislação que altera a Dodd-Frank em 120 dias, de acordo com uma autoridade da Casa Branca.
Representantes dos seis maiores bancos dos EUA - JPMorgan, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Goldman Sachs e Morgan Stanley - se recusaram a comentar ou não tinham um comentário de imediato.