Exame Logo

Trump alerta para colapso econômico caso seja submetido a impeachment

"Se por acaso eu for submetido a um impeachment, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Todos poderemos ficar mais pobres", disse

Trump: "As violações de campanha não são consideradas um grande problema, francamente" (Carlos Barria/Reuters)
A

AFP

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 21h34.

Última atualização em 24 de agosto de 2018 às 09h45.

O presidente Donald Trump afirmou em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira (23) que a economia americana pode entrar em colapso se ele for acusado e submetido a um julgamento político, algo que, devido ao caos que ronda a Casa Branca, poderá acontecer, segundo os analistas.

O procurador-geral, Jeff Sessions, novamente alvo da ira de Trump depois de duas derrotas judiciais contra o presidente, lançou uma contundente advertência, afirmando que o Departamento de Justiça "não será influenciado inapropriadamente por considerações políticas".

Veja também

O choque com Sessions é o último percalço após uma semana cheia de problemas para Trump, que teve seu ex-chefe de campanha foi considerado culpado por crimes financeiros e seu ex-advogado o envolveu em violações às leis de financiamento eleitoral.

Mas o líder republicano declarou à Fox News que uma acusação contra ele só causaria mais confusão.

"Vou dizer uma coisa, se por acaso eu for submetido a um impeachment, acho que o mercado poderá entrar em colapso. Acho que todos poderemos ficar mais pobres", advertiu o presidente no programa Fox and Friends.

O presidente também deu uma confusa declaração sobre a criação de postos de trabalho e outros progressos econômicos que teriam sido conquistados durante seu mandato e insistiu que os americanos estariam muito pior se Hillary Clinton tivesse vencido as eleições de 2016.

"Não sei como se pode submeter a um impeachment alguém que fez um grande trabalho", acrescentou.

Durante seu mandato, o crescimento americano saltou de 2% para 4% no último trimestre.

Na entrevista, Trump criticou Sessions, a quem pediu repetidas vezes que engavetasse a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre um suposto conluio de sua campanha com a Rússia nas eleições de 2016.

"Coloquei um procurador-geral que nunca assumiu o controle do Departamento de Justiça", acrescentou.

Sessions, entretanto, reagiu com força: "Exijo os padrões mais altos, e quando não são cumpridos, atuo".

No golpe mais duro à presidência de Trump, na terça-feira seu ex-advogado Michael Cohen disse a um juiz federal que, a pedido do presidente, realizou pagamentos ilegais durante a campanha presidencial de 2016 para silenciar mulheres que alegavam ter tido um caso com o candidato republicano.

Embora Cohen não as tenha convocado, acredita-se que as mulheres eram a estrela pornô Stormy Daniels e a modelo da Playboy Karen McDougal.

Como os pagamentos tinham a intenção de influenciar no resultado das eleições, violaram as leis americanas sobre as contribuições de campanha.

Cohen declarou-se culpado e disse que os pagamentos foram feitos "em coordenação e sob direção de um candidato à gabinete federal", em clara referência a Trump.

O presidente foi evasivo quando indagado na entrevista da Fox News se havia ordenado a Cohen que fizesse esses pagamentos, afirmando apenas que seu ex-advogado "fez os tratos" e que suas ações "não eram um delito".

"As violações de campanha não são consideradas um grande problema, francamente", queixou-se.

Depois assegurou que os pagamentos foram feitos com seu próprio dinheiro, ao qual Cohen tinha acesso. Disse ainda que na ocasião não conhecia os fatos, mas desde então tem sido completamente transparente sobre o tema.

Nesta quinta, a imprensa americana noticou que o dono do tabloide National Enquirer, David Pecker, havia aceitado, em troca de imunidade, cooperar com a investigação sobre os pagamentos por silêncio, o que abriria outra frente sensível para Trump.

Apesar do tom desafiador de Trump, a analista de finanças de campanha Kate Belinski, da firma de advogados Nossaman, disse que é preciso esperar as consequências legais tanto para Trump como para sua campanha, muito provavelmente sob a forma de um processo civil ante a Comissão Federal Eleitoral.

Quase ao mesmo tempo da confissão de Cohen, o ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, foi declarado culpado por oito acusações de fraude fiscal e bancária.

Embora não esteja ligado à investigação russa, o de Manafort foi o primeiro caso enviado a julgamento por Mueller.

Perdão presidencial?

Na entrevista à Fox, Trump criticou Cohen e disse que ele "deveria ser proscrito". Por outro lado, elogiou Manafort por ir a julgamento.

Para Trump, Manafort merece elogios por deixar seu destino nas mãos de um júri, enquanto Cohen preferiu negociar com a promotoria.

Sua postura gerou especulações de que Manafort espera um indulto presidencial.

Perguntado se considera essa possibilidade, Trump disse que tem "um grande respeito pelo o que (Manafort) fez, em termos do que passou".

"Uma das razões pelas quais respeito tanto Paul Manafort é ele ter passado por esse julgamento", concluiu o presidente.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Impeachment

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame