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Transmissoras de energia veem leilões mais atrativos

As maiores investidoras privadas em transmissão de energia elétrica do Brasil estão de olho nas oportunidades de crescimento em 2016

Energia elétrica: a Cteep , controlada pela colombiana Isa, a Taesa, da mineira Cemig e do fundo Coliseu, e a Alupar veem avanços nas regras para os leilões de transmissão (Guang Niu/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 15h57.

São Paulo - As maiores investidoras privadas em transmissão de energia elétrica do Brasil estão de olho nas oportunidades de crescimento em 2016, quando o governo federal pretende licitar um volume recorde de linhas a serem construídas, mas ainda mantêm um discurso cauteloso em meio a um cenário complicado no setor e na economia do país.

A Cteep , controlada pela colombiana Isa, a Taesa, da mineira Cemig e do fundo Coliseu, e a Alupar veem avanços nas regras para os leilões de transmissão, ainda que as dificuldades ambientais crescentes continuem sendo um pé no freio para os investimentos.

Um cenário com boa parte das empresas ainda descapitalizadas pode beneficiar agentes que estão em melhor condição financeira.

"No mundo dos leilões, o governo alterou as condições... posso dizer que a atratividade hoje é superior ao que era no passado. Mas as empresas estão sofrendo com uma situação financeira (ruim)", disse à Reuters o presidente da Cteep, Reynaldo Passanezi. Nos últimos certames, a Aneel elevou a taxa de retorno e o prazo para conclusão das obras, além de ter criado regra que possibilita extensão do prazo de concessão se houver atraso no licenciamento ambiental.

O presidente da Taesa, José Ragone, também vê avanços nas licitações, mas em um momento em que as empresas têm maior dificuldade para investir.

"O setor (elétrico) como um todo passa por uma turbulência, e isso se reflete também na transmissão. Então a cautela e a prudência se tornam fatores ainda mais relevantes em qualquer decisão... existe uma cautela com relação a investimento no próprio país, uma questão mais macro", explicou.

A Aneel pretende licitar no primeiro trimestre de 2016 linhas de energia que demandarão cerca de 16 bilhões em investimentos, com outros certames menores previstos para o restante do ano.

As oportunidades em 2016 serão bastante interessantes, mas o cenário macroeconômico do país desafiará os investidores principalmente quanto ao financiamento, disse o diretor financeiro da Alupar, José Luiz de Godoy, em evento recente.

"Hoje o mercado está um pouco mais fechado (para captações)... o que acho bom, porque dá uma selecionada nas empresas, tira um pouco empresas aventureiras que ganham o leilão e acabam não fazendo (a obra)", afirmou, defendendo também "melhoria do retorno" oferecido nos projetos.

As dificuldades apontadas pelos investidores privados, já presentes nos leilões deste ano, fizeram com que grande parte dos lotes de linhas ofertados não atraíssem interessados.

CTEEP E ELETROBRAS ESPERAM INDENIZAÇÃO

Um dos fatores que complica o cenário para os investimentos em transmissão é a indefinição sobre o pagamento de indenizações bilionárias prometidas às empresas após estas aceitarem, no final de 2012, renovar concessões antigas com uma remuneração menor, no âmbito de um plano do governo federal para reduzir tarifas.

A Cteep esperava receber mais de 5 bilhões de reais, mas a Aneel homologou um valor de 3,9 bilhões.

A Eletrobras pleiteia 20 bilhões de reais para suas subsidiárias, dos quais cerca de 10 bilhões de reais já foram reconhecidos pela Aneel.

Apesar da aprovação parcial dos valores, a Aneel não tem dado previsão para iniciar o pagamento das indenizações, que será definido pelo governo federal e deverá acontecer de forma parcelada.

"Essa questão tem que ser resolvida com urgência... seja a data de início do pagamento... seja a regra, se vai ter (correção) pela inflação, impostos... o setor tem hoje necessidade de recursos", disse o presidente da Cteep à Reuters.

O executivo reiterou que a Cteep não fará nenhum investimento em novo projeto ou aquisição enquanto não houver solução para a indenização --uma situação que talvez se replique nas demais empresas que aguardam o pagamento, como a Eletrobras.

"As empresas que aceitaram a prorrogação de concessão estão em má situação financeira, porque perderam receita... não têm capacidade financeira, elas têm bilhões a receber", disse Passanezi.

Para Ragone, da Taesa, a questão das indenizações não é somente financeira.

"Não é só uma injeção de caixa que vai permitir que eles participem (de licitações). É também um estímulo, uma forma de encerrar uma discussão que começou em 2012, um sinal positivo".

TAESA MIRA LEILÕES

A Taesa, por outro lado, não se envolveu na prorrogação de concessões e está com caixa para investir, disse Ragone.

A companhia, inclusive, passa por uma mudança de rumo, e deverá priorizar a disputa em leilões federais ante o caminho das aquisições, anteriormente visto como preferencial.

"Efetivamente, as condições em que se apresentam os próximos leilões são mais atrativas e já estamos nos preparando para essas oportunidades... efetivamente, esses leilões pós-2016 passam a ser nosso foco", disse o executivo.

A Taesa, no entanto, mantém um perfil conservador, focado no retorno ao acionista, segundo Ragone.

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A Cteep , controlada pela colombiana Isa, a Taesa, da mineira Cemig e do fundo Coliseu, e a Alupar veem avanços nas regras para os leilões de transmissão, ainda que as dificuldades ambientais crescentes continuem sendo um pé no freio para os investimentos.

Um cenário com boa parte das empresas ainda descapitalizadas pode beneficiar agentes que estão em melhor condição financeira.

"No mundo dos leilões, o governo alterou as condições... posso dizer que a atratividade hoje é superior ao que era no passado. Mas as empresas estão sofrendo com uma situação financeira (ruim)", disse à Reuters o presidente da Cteep, Reynaldo Passanezi. Nos últimos certames, a Aneel elevou a taxa de retorno e o prazo para conclusão das obras, além de ter criado regra que possibilita extensão do prazo de concessão se houver atraso no licenciamento ambiental.

O presidente da Taesa, José Ragone, também vê avanços nas licitações, mas em um momento em que as empresas têm maior dificuldade para investir.

"O setor (elétrico) como um todo passa por uma turbulência, e isso se reflete também na transmissão. Então a cautela e a prudência se tornam fatores ainda mais relevantes em qualquer decisão... existe uma cautela com relação a investimento no próprio país, uma questão mais macro", explicou.

A Aneel pretende licitar no primeiro trimestre de 2016 linhas de energia que demandarão cerca de 16 bilhões em investimentos, com outros certames menores previstos para o restante do ano.

As oportunidades em 2016 serão bastante interessantes, mas o cenário macroeconômico do país desafiará os investidores principalmente quanto ao financiamento, disse o diretor financeiro da Alupar, José Luiz de Godoy, em evento recente.

"Hoje o mercado está um pouco mais fechado (para captações)... o que acho bom, porque dá uma selecionada nas empresas, tira um pouco empresas aventureiras que ganham o leilão e acabam não fazendo (a obra)", afirmou, defendendo também "melhoria do retorno" oferecido nos projetos.

As dificuldades apontadas pelos investidores privados, já presentes nos leilões deste ano, fizeram com que grande parte dos lotes de linhas ofertados não atraíssem interessados.

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Um dos fatores que complica o cenário para os investimentos em transmissão é a indefinição sobre o pagamento de indenizações bilionárias prometidas às empresas após estas aceitarem, no final de 2012, renovar concessões antigas com uma remuneração menor, no âmbito de um plano do governo federal para reduzir tarifas.

A Cteep esperava receber mais de 5 bilhões de reais, mas a Aneel homologou um valor de 3,9 bilhões.

A Eletrobras pleiteia 20 bilhões de reais para suas subsidiárias, dos quais cerca de 10 bilhões de reais já foram reconhecidos pela Aneel.

Apesar da aprovação parcial dos valores, a Aneel não tem dado previsão para iniciar o pagamento das indenizações, que será definido pelo governo federal e deverá acontecer de forma parcelada.

"Essa questão tem que ser resolvida com urgência... seja a data de início do pagamento... seja a regra, se vai ter (correção) pela inflação, impostos... o setor tem hoje necessidade de recursos", disse o presidente da Cteep à Reuters.

O executivo reiterou que a Cteep não fará nenhum investimento em novo projeto ou aquisição enquanto não houver solução para a indenização --uma situação que talvez se replique nas demais empresas que aguardam o pagamento, como a Eletrobras.

"As empresas que aceitaram a prorrogação de concessão estão em má situação financeira, porque perderam receita... não têm capacidade financeira, elas têm bilhões a receber", disse Passanezi.

Para Ragone, da Taesa, a questão das indenizações não é somente financeira.

"Não é só uma injeção de caixa que vai permitir que eles participem (de licitações). É também um estímulo, uma forma de encerrar uma discussão que começou em 2012, um sinal positivo".

TAESA MIRA LEILÕES

A Taesa, por outro lado, não se envolveu na prorrogação de concessões e está com caixa para investir, disse Ragone.

A companhia, inclusive, passa por uma mudança de rumo, e deverá priorizar a disputa em leilões federais ante o caminho das aquisições, anteriormente visto como preferencial.

"Efetivamente, as condições em que se apresentam os próximos leilões são mais atrativas e já estamos nos preparando para essas oportunidades... efetivamente, esses leilões pós-2016 passam a ser nosso foco", disse o executivo.

A Taesa, no entanto, mantém um perfil conservador, focado no retorno ao acionista, segundo Ragone.

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