Trabalhador paga preço por descuido de contas públicas, diz Temer
Para o presidente, o governo federal partiu de "diagnósticos precisos" para começar uma retomada
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 11h14.
Última atualização em 21 de novembro de 2016 às 11h36.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira, 21, durante a abertura da primeira reunião do Conselhão de seu governo, no Palácio do Planalto, que para que a economia brasileira possa retomar o crescimento é preciso antes vencer a recessão.
Segundo ele, somente após vencer essas etapas, será possível retomar o ciclo de retomada do nível do emprego, o qual ele reconheceu ser o dado "mais dramático" do governo hoje.
"Antes do crescimento é preciso vencer a recessão. Só após essa tarefa poderemos começar a crescer e, então, retomar o emprego. São fase inafastáveis", afirmou.
Para o presidente, o governo federal partiu de "diagnósticos precisos" para começar essa retomada. O primeiro deles foi reconhecer que "nossa crise é de natureza fiscal". "Por muito tempo o governo gastou mais do que podia", disse.
Temer afirmou que, nesse contexto de crise fiscal, a confiança dos investidores e dos consumidores "ruiu", a inflação subiu, o risco Brasil disparou. Na avaliação dele, o preço do descuido das contas públicas é pago atualmente pelo trabalhador.
"Este descuido é pago pelo trabalhador, que sente os efeitos da irresponsabilidade fiscal no bolso, na fila de emprego", destacou.
O presidente disse ainda que o crescimento só será retomado se o governo substituir o "ilusionismo pela lucidez". Para isso, afirmou, o governo está estimulando o diálogo franco e aberto.
"É nesse espírito que buscamos empreender reformas que não podemos adiar", afirmou, citando a PEC que estabelece um teto para os gastos públicos como uma das principais reformas.
Juros
O diretor-presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, previu nesta segunda-feira que há condições estruturais na economia brasileira para queda na taxa básica de juros (Selic) ainda este ano. Isso porque, na avaliação dele, a inflação está sinalizando para patamares "bem confortáveis".
"Tem condições estruturais de uma queda de juros. A inflação está sinalizando para patamares bem confortáveis", disse em entrevista ao chegar à primeira reunião do Conselhão do governo Michel Temer, no Palácio do Planalto. Questionado se essa queda poderá acontecer na próxima reunião do Copom, respondeu: "Não sei".
Trabuco avaliou, porém, que a perspectiva de mudanças na política americana com a eleição do republicano Donald Trump para presidente dos Estados Unidos deixa mais estreita a janela de ajuste de juros no Brasil.
"É evidente que a perspectiva de uma mudança da política americana do governo Trump faz com que nossa janela possa ficar mais estreita", disse.
O diretor-presidente do Bradesco previu que as variáveis da economia brasileira "sinalizam que o pior está ficando para trás". Ele afirmou que, nos últimos meses,apesar de alguns dados fracos, o Brasil aumentou o nível de confiança e esperança na retomada do crescimento econômico.
"Agora, é evidente que a gente vai enfrentar 2017 com um grande desafio, que é o desafio do crescimento. E encontrar os motores do crescimento acho que é o grande desafio que a sociedade tem com o governo para encontrar a retomada. Porque sem a retomada através do investimento privado a gente não vai ter um ciclo de geração de emprego", afirmou.
Ele disse esperar que a reunião do Conselhão promova uma "expansão da consciência do tamanho dos problemas que terão de ser resolvidos"."É expandir a consciência do grupo da emergência, do senso de urgência necessário para você virar uma página, que é a página do desajuste fiscal", afirmou.
Para Trabuco, os dados da economia, principalmente o nível de desemprego e da desaceleração do crescimento, é uma "consciência plena". "Aqueles que ainda duvidam disso, é só avaliar os dados da economia.
"Aumentamos muito nos últimos meses o nível de esperança e de confiança. Evidente que agora precisamos ter capacidade de entrega."