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Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2009 às 13h11.
Por Cesar Bianconi
SÃO PAULO, 15 de dezembro (Reuters) - A TIM Participações passará a disputar um mercado mais de duas vezes maior com a operadora de longa distância Intelig --que será incorporada pela empresa-- e reduzirá em 50 por cento os custos com aluguel de redes de telecomunicações.
A terceira maior operadora celular do Brasil anunciou nesta terça-feira assinatura de acordo para incorporar a Intelig por meio de emissão de quase 517 milhões de reais em ações.
O negócio será concluído até o final deste ano e a rede da Intelig será integrada à TIM em cerca de 100 dias.
De acordo com o presidente da TIM no Brasil, Luca Luciani, com a Intelig a empresa poderá atuar com mais agressividade no mercado de telefonia fixa e de transmissão de dados para clientes residenciais e corporativos.
"Até hoje só jogamos no mercado móvel, de 50 bilhões de reais. Agora temos a possibilidade de dobrar o mercado potencial da nossa empresa", disse Luciani a jornalistas, afirmando que a TIM passará a disputar um mercado com receita anual da ordem de 120 bilhões de reais.
A meta é triplicar a receita da Intelig em três anos, para ao redor de 2 bilhões de reais. Neste ano, a controlada deve ter vendas de pouco menos de 700 milhões de reais, contra faturamento inferior a 600 milhões de reais em 2008.
"(A receita atual da Intelig) é muito pouco comparado com o que pode ser e comparado com outras empresas de telecomunicações", disse Luciani.
A TIM não revelou qual será sua estratégia comercial com a Intelig na oferta de telefonia fixa, mas indicou que deverá oferecer valor reduzido de assinatura para o serviço, como forma de fazer frente à competição das concessionárias.
Ao mesmo tempo em que amplia o mercado da TIM, a Intelig garante economia expressiva de custos com o aluguel de redes de empresas rivais. Com base nas despesas nessa linha projetadas para este ano, a sinergia chega a 250 milhões de reais, o que implica em retorno sobre o investimento na Intelig em menos de 30 meses.
Conforme Luciani, a Intelig continuará com uma estrutura própria e a marca será mantida. Segundo ele, a unidade passará por um processo de "renascimento, e não reestruturação". Não estão previstas demissões.
NEGÓCIO ENVOLVE DÍVIDA
A TIM, que anunciou a compra da Intelig em abril, vai emitir até 43.356.672 ações ordinárias e 83.931.352 ações preferenciais. Isso equivale a até 5,14 por cento do total de papéis de cada uma dessas ações.
A TIM também está assumindo dívidas das Intelig de 70 milhões de dólares.
Uma parcela das ações da TIM que serão emitidas para a compra da da Intelig, no valor de 65 milhões de reais, ficará em juízo, devido a litígio trabalhista movido por ex-funcionários da Gazeta Mercantil.
O jornal econômico, que parou de circular há alguns meses, foi arrendado pelo empresário Nelson Tanure, que adquiriu a Intelig no início de 2008 por meio da Docas Investimentos.
Quando a compra da Intelig foi anunciada em abril, o pagamento à JVCO, holding da Docas Investimentos, era estimado em até 6,15 por cento do capital total da TIM, o que na época conferia à operação valor de 650 milhões de reais.
A Intelig foi criada em 2000 pelos sócios National Grid, France Telecom e Sprint, mas foi colocada à venda alguns anos depois.