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Terceirização de serviços mostra força e cresce 7,1% em janeiro

Pesquisa de emprego do IBGE aponta consolidação da tendência de alta no número de serviços

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h56.

Os dados de janeiro da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traduziram em porcentagem uma tendência que as empresas já sentem no cotidiano: a terceirização de serviços, que subiu 7,1% no primeiro mês de 2006 em relação a janeiro de 2005.

Aproximadamente 2,88 milhões de pessoas trabalharam no primeiro mês de 2006 na categoria em que o IBGE reúne os serviços terceirizados, o que representou 14,4% da população ocupada no período. Na opinião de José Márcio Camargo, professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e sócio da Tendências Consultoria, o número deve aumentar.

"É uma tendência clara que já vem há algum tempo e que está relacionada ao fato de que é mais caro contratar do que terceirizar", diz Camargo. Ele lembra que o aumento da presença dos "terceiros" não é fenômeno exclusivo do Brasil; também é notado no mercado de trabalho dos Estados Unidos e da Europa: "Mas no Brasil é intensificado por causa dos impostos sobre salário, que são muito elevados".

Custos menores

Nas contas de Camargo, empresas e funcionários assalariados arcam atualmente com uma carga fiscal de 40% sobre o custo do trabalho. Já na terceirização o impacto é mais leve no bolso de ambos: as taxas variam entre 15% e 20%.

A professora de Economia do Trabalho da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Maria Cristina Cacciamalli compartilha a opinião de Camargo. Ela acredita que o ritmo de crescimento da terceirização só poderia ser barrado por uma mudança na legislação trabalhista. "O país ainda não realizou nenhuma reforma com relação à legislação do mercado de trabalho. A terceirização não aconteceria se tivéssemos uma legislação mais flexível", diz.

Maria Cristina ressalta que a presença dos "terceiros", apesar de bastante comum em setores como o terciário e a construção civil, está disseminada por todos os ramos da economia. Uma prática, segundo ela, perigosa tanto aos trabalhadores, que perdem benefícios e estabilidade, quanto às empresas: "A empresa troca uma relação de trabalho, mais cara e que também tem custos emocionais, por uma relação comercial que custa menos do ponto de vista psicológico e financeiro. No entanto, a empresa pode ter um menor nível de produtividade ou de compromisso. Dependendo da ocupação, ela pode estar comprando gato por lebre".

Desemprego

A pesquisa do IBGE divulgada nesta quinta-feira (23/02) mostrou ainda que o desemprego no país cresceu para 9,2% da População Economicamente Ativa (PEA) em janeiro, frente a uma taxa de desocupação de 8,3% em dezembro. Para o instituto, a alta foi causada pela redução de trabalhos temporários, cuja oferta se concentra nos últimos meses de cada ano, e pelo retorno à procura de trabalho. Na comparação com janeiro de 2005, a taxa caiu 1 ponto percentual.

Para Camargo, da Tendências, o mau resultado de janeiro ocorreu por um efeito sazonal que costuma se estender até março, quando a economia se reaquece. "As perspectivas são positivas. Acho que até dezembro o desemprego deve ficar entre 7,5% e 8% [da população]. Seria uma taxa maior do que as da Inglaterra e dos Estados Unidos, mas menor do que a da Unão Européia, de 9%", diz.

O total de ocupados ficou em 20,0 milhões, resultado 1,1% menor do que em dezembro (232 000 postos de trabalho a menos). O nível de emprego com carteira assinada ficou estável. Já o número de desocupados cresceu 10,8% na comparação com o mês anterior, e subiu a 2,0 milhões.

Renda

O rendimento médio também teve queda, de 1,2%, e atingiu 985,90 reais. Em relação a janeiro de 2005, houve alta de 2,3%.

O IBGE pesquisou as relações de trabalho nos municípios de São Paulo (SP), Recife (PE), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ).

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