S&P mantém nota do Brasil, mas alerta para cena política instável
A decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's sinaliza uma chance de rebaixamento do país nos próximos meses
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 17h44.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2017 às 18h51.
São Paulo - Uma piora da situação política no Brasil que provoque reversão na agenda de reformas do governo pode levar a um rebaixamento da nota soberana do País, afirmou a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) nesta sexta-feira, 10.
Um dos fatores que podem dificultar a governabilidade do presidente Michel Temer é a piora da crise dos Estados, destaca a S&P em relatório assinado pelos analistas Lisa Schineller, Joydeep Mukherji e Roberto Sifon-arevalo.
A pressão para resolver problemas em determinadas regiões pode contaminar a política nacional, ressalta a agência de classificação de risco.
Já se o cenário político se estabilizar ou melhorar, a S&P pode revisar a perspectiva da nota brasileira para "estável". Hoje, a agência reafirmou a nota soberana do Brasil em "BB" e manteve a perspectiva em "negativa".
"Os desafios políticos e econômicos do Brasil permanecem significativos", disse a S&P.
A melhora do ambiente político pode ajudar no avanço mais rápido da agenda de reformas, de acordo com o comunicado.
Com isso, as contas fiscais do País também teriam uma estabilização e melhorariam as perspectivas de crescimento para o País. "Os consideráveis desafios fiscais e econômicos no Brasil exigem um compromisso político firme."
A avaliação da S&P é que, apesar do avanço recente na agenda de reforma fiscal no governo Temer, com a aprovação de um teto que limita o crescimento do gasto público, as crescentes incertezas políticas, a crise dos Estados e a economia ainda em recessão sinalizam que o ajuste será lento e demorado.
A S&P prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter baixo crescimento pelos próximos anos. A previsão da agência é de expansão de 0,9% para o PIB este ano, 2% em 2018 e 2,3% em 2019.
O déficit nominal do governo deve ficar em mais de 7% entre 2017/2019 e a dívida pública líquida deve ficar em cerca de 67% do PIB até 2019.