Setor público consolidado tem rombo histórico em junho
O chamado setor público consolidado reúne as contas do governo central, empresas estatais e estados e municípios
Reuters
Publicado em 31 de julho de 2020 às 10h33.
Última atualização em 31 de julho de 2020 às 10h58.
O setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 188,682 bilhões de reais em junho, maior rombo já atingido num único mês, num reflexo do profundo impacto do coronavírus sobre as contas públicas e que tem feito a dívida bruta renovar seus maiores níveis históricos.
O déficit veio mais alto que a expectativa de 163,5 bilhões de reais em pesquisa da Reuters e é mais de três vezes superior ao rombo atingido em todo o ano de 2019, de 61,872 bilhões de reais.
O déficit do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de 195,180 bilhões de reais em junho, informou o Banco Central nesta sexta-feira.
Enquanto isso, Estados e municípios tiveram superávit de 5,780 bilhões de reais e as empresas estatais apresentaram um dado positivo em 719 milhões de reais.
Na véspera, o Tesouro já havia informado que o déficit de junho havia sido recorde para o governo central, afetado pelos expressivos gastos com o enfrentamento ao surto de Covid-19, pela queda da arrecadação com diferimento de impostos e pelo calendário de pagamento de precatórios, que neste ano foi concentrado em junho. No primeiro semestre, o déficit primário do setor público foi de 402,703 bilhões de reais. Em 12 meses, chegou 458,835 bilhões de reais, equivalente a 6,38% do Produto Interno Bruto (PIB).
O déficit nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, somou 576,315 bilhões de reais na primeira metade do ano e 818,617 bilhões de reais (11,38% do PIB) em 12 meses.
Descompasso à frente
Na véspera, o Ministério da Economia atualizou sua projeção de rombo primário para o setor público consolidado a 812,2 bilhões de reais, ou 11,3% do PIB, ilustrando que a trajetória de deterioração fiscal seguirá pelos meses adiante.
Esse desequilíbrio tem feito a dívida bruta renovar patamares recordes. Em junho, ela saltou a 85,5% do PIB, sobre 81,9% em maio, avanço de quase 10 pontos sobre o patamar de 75,8% alcançado no fim do ano passado.
A dívida líquida, por sua vez, subiu a 58,1% do PIB, ante 55,0% no mês anterior, maior nível desde março de 2003 (58,5%).
A expectativa do mercado, segundo pesquisa da Reuters, era de dívida bruta de 83,8% e dívida líquida de 57% do PIB.
Nos cálculos do governo, a dívida bruta fechará o ano em 94,7% e a dívida líquida em 67,2% do PIB.