Economia

Serra tem alguma chance?

A candidatura Serra vive momentos muito difíceis. Há coisa de dois meses, o governo questionou a possibilidade de os candidatos de oposição conseguirem manter os fundamentos da economia caso vencessem. Semeou vento, e agora colhe tempestade. Serra afastou-se do Governo e ficou sozinho. É preocupante o fato de muitos eleitores que apóiam a administração FHC […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

A candidatura Serra vive momentos muito difíceis. Há coisa de dois meses, o governo questionou a possibilidade de os candidatos de oposição conseguirem manter os fundamentos da economia caso vencessem. Semeou vento, e agora colhe tempestade. Serra afastou-se do Governo e ficou sozinho. É preocupante o fato de muitos eleitores que apóiam a administração FHC declararem, nas pesquisas de intenção de voto, apoio primeiro a Ciro, em seguida a Lula e só depois a Serra. Ou seja: agora Serra tem de se esforçar para se identificar com o governo, mas corre prejuízo. Se continuar sem avançar, a estratégia equivocada de ter jogado lenha na fogueira ganhará proporções enormes.

Tudo perdido para Serra? Não, em absoluto. O foco, agora, é fechar o acordo com o FMI, que, afirmam especialistas, não sai em menos de 15 dias. Como estamos a 60 da eleição, sobrarão 25, justamente os do horário gratuito, para reverter o que tiver de ser revertido para que ele tenha alguma chance. Mas ele precisa chegar ao horário gratuito com algo em torno de 20% das intenções de voto. Com o acordo com o FMI celebrado e o dólar entre 2,70 e 2,80 reais. Não é impossível, mas, trazido a valor presente, é muito difícil.

Se Lula vencer, tende a ser menos heterodoxo do que Ciro, na opinião de cientistas políticos ligados ao Instituto de Estudos Avançados da USP. Dependendo do tamanho da crise que tenham pela frente, Lula ou Ciro podem acabar montando um Governo com a seguinte cara: na Fazenda alguém do PSDB, como Tasso, ou do PT, como Mercadante, mantendo Arminio no BC. ACM estaria de volta. Na frase imortalizada por Tommaso di Lampedusa em seu romance O Leopardo: "É preciso que tudo mude para que tudo fique como est".

O setor privado tem amortizações em dólar de 13 bilhões até o final do ano. Com os refinanciamentos, a necessidade de capital pode ficar abaixo de 10 bilhões. Além disso, empresas como Petrobras e CSN têm dólar lá fora, o que diminui mais o volume de dinheiro necessário. O pacote do FMI seria mais do que suficiente para as necessidades do ano, e ninguém vislumbra uma situação em que não seja celebrado. O problema, portanto, fica adiado para o ano que vem, dependendo de quem ganhe. E também da situação da economia americana.

No dia 15 de agosto, os CEOs das grandes empresas americanas precisam declarar se aceitam a contabilidade que receberam (e se tornam responsáveis por ela, perante a nova e duríssima legislação) ou se declaram erros, omissões e fraudes, exercendo com isso a última chance de se eximir da responsabilidade legal recém-aprovada pelo Congresso. O mais grave - e insólito - da atual crise do mercado acionário é a perda de credibilidade das Bolsas como meio de poupança - o que pode durar vários anos. Bancos estrangeiros no Brasil confirmam drásticas reduções de linhas nos empréstimos locais. O vendaval, portanto, está longe de encerrado.

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