Os resultados da balança comercial de setembro trazem dois dados positivos. O primeiro é que o saldo acumulado até o mês passado, de 25,121 bilhões de dólares, já é maior do que todo o superávit comercial do Brasil no ano passado (24,824 bilhões de dólares). O segundo é que o saldo fortalece bastante as chances de o país alcançar a meta lançada pelo governo para este ano: a de obter um saldo de 30 bilhões de dólares.

As exportações acumuladas até setembro somaram 70,278 bilhões de dólares, o que indica um crescimento de 33,1% sobre os 52,790 bilhões de igual período do ano passado. Já as exportações subiram 29%, de 35 bilhões para 45,157 bilhões na mesma comparação. Somente em setembro, o saldo comercial foi de 3,172 bilhões, fruto de 8,923 bilhões em exportações e de 5,751 bilhões em importações. O resultado ficou um pouco abaixo do previsto pela empresa de gestão financeira Global Invest, que esperava saldo de 3,4 bilhões. "Mesmo assim, os números de setembro são muito positivos", afirma o economista Alex Agostini, da Global Invest.

Devido ao bom desempenho das transações externas brasileiras, a Global Invest mantém sua projeção de que o país fechará o ano com um saldo acumulado de 33 bilhões de dólares, acima da meta do governo. "Esperamos exportações de 93 bilhões e importações de 60 bilhões", diz Agostini (veja como os gargalos de infra-estrutura podem comprometer o crescimento do país em reportagem de EXAME).

Ajuda dos manufaturados

Embora as commodities agrícolas e minerais continuem com um importante espaço na pauta de exportações brasileiras, Agostini destaca o crescimento das vendas de bens e produtos manufaturados. Um exemplo, neste ano, são os embarques de automóveis. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as exportações cresceram 17,4% entre janeiro e agosto, na comparação com igual período de 2003. Foram embarcados 406 214 unidades, entre veículos de passeio e de carga. Nos oito primeiros meses do ano passado, o Brasil exportou 346 013 veículos.

Segundo o economista, o ritmo de crescimento do saldo comercial deve desacelerar no último trimestre, mas não ao ponto de comprometer o cumprimento da meta oficial. "Tradicionalmente, o segundo semestre é menos favorável para a balança comercial", diz. Um motivo são as importações para atender à demanda das festas de fim de ano. "Nos próximos meses, aumentarão as compras de itens como tecidos, alimentos e eletroeletrônicos devido ao Natal", afirma.