Economia

Salário da maioria dos brasileiros acaba antes do final do mês, diz IBGE

Renda das familías é quase toda consumida com despesas permanentes, como habitação e saúde

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

Cerca de 85% das famílias brasileiras enfrentam problemas para chegar ao final do mês com seus rendimentos. As dificuldades são semelhantes para quem mora em áreas urbanas ou rurais e foi detectada pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003, divulgada nesta quarta-feira (19/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice foi apurado a partir do grau de dificuldade que as famílias declararam para atravessar o mês com seus ganhos: 27,14% afirmaram ter muita dificuldade; 23,7% afirmaram ter dificuldade;e 34,6% disseram ter alguma dificuldade, totalizando 85,44% das famílias brasileiras. Na área rural, 89% dos entrevistados informaram problemas, sendo que 33,2% deles disseram ter muita dificuldade. A taxa, na área urbana, foi de 84%, com 26,1% das famílias com muita dificuldade.

Previsivelmente, a população com menor renda é que apresenta o orçamento mais curto. Entre as famílias com renda mensal até 400 reais, 51,5% têm muito trabalho para esticar os ganhos até o fim do mês.

Despesas

Reforçando a constatação, a POF apurou que as famílias brasileiras gastam praticamente tudo o que ganham com seu sustento. Enquanto a renda média mensal é de 1.789,66 reais por família, os gastos somam 1.778,03 reais. Em quase todas as camadas, o valor médio das despesas é maior que o rendimento correspondente. Na classe com renda de até 400 reais por mês, por exemplo, o IBGE informou que o rendimento médio é de 260,21 reais, mas as despesas médias ficam em 454,70. Apenas para as famílias acima de 3 mil reais, os gastos são inferiores ao total de rendimentos.

O perfil de gastos também mudou nos últimos 30 anos. Na pesquisa de 1974-1975, a parcela de gastos permanentes, que incluem alimentação, habitação, saúde, impostos e obrigações trabalhistas, correspondia a 79,86% dos dispêndios. Em 2003, o índice chegou a 93,26%. Com isso, a capacidade de investimento (que abrange aplicação em imóveis e outros) das famílias caiu bastante. Há 30 anos, era de 16,50%. No ano passado, ficou em 4,76%.

Rendas

Pela primeira vez, o IBGE incorporou na POF um dado sobre rendas não-monetárias, que envolvem a obtenção de bens sem o uso de dinheiro, cartões ou cheques, como o consumo de produtos adquiridos por fabricação própria, pesca, caça, trocas, doações e outras atividades de subsistência.

Enquanto a renda média mensal é de 1.789,66 reais por família, a área urbana registrou 1.954,43 e a rural, 873,94, incluindo-se ganhos monetários e não-monetários. Na área urbana, o trabalho é a principal fonte de renda de 62,7% das famílias e no meio rural, de 53,4%. A média brasileira é de 62%.

Os ganhos não-monetários representam 14,6% da renda média brasileira, mas o destaque fica com o meio rural, onde essa categoria responde por 23,3%. Nas regiões urbanas, o índice desce para 13,9%.

Outras fontes de renda monetária, além do trabalho, são as transferências (como aposentadorias), com 15% do rendimento mensal das famílias brasileiras; aluguéis de bens móveis e imóveis (1,8%); e outras fontes, como transações esporádicas, vendas, empréstimos e aplicações financeiras (6,6%).

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada