Saída da Grécia da zona do euro teria impacto sobre países emergentes
Brasil não está imune aos efeitos de um eventual calote grego
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2012 às 07h27.
Brasília – Os gregos foram às urnas hoje (17), pela segunda vez em pouco mais de um mês, numa votação que deve decidir muito mais do que a composição das 300 vagas do Parlamento. A eleição, na prática, definirá se o país continuará a usar o euro ou se retirará do grupo de Estados que adotam a moeda única, com desdobramentos que podem trazer sérias consequências para a economia mundial.
Os dois principais partidos na disputa, o conservador Nova Democracia e o esquerdista Syriza, que, segundo a primeira pesquisa de boca de urna, estão empatados, se dizem favoráveis à permanência no bloco europeu. O Syriza defende, porém, a revisão das medidas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE). Para receber até 2014 a ajuda de 130 bilhões de euros que evitará um calote do país na dívida pública, a Grécia teve de aceitar um pacote de corte de gastos que agravou a recessão e o desemprego.
Desde 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia acumula queda de 14%. O desemprego chega a 22% da população economicamente ativa. A saída da zona do euro, no entanto, pode piorar a situação. Se os gregos voltarem a adotar o dracma como moeda, a inflação no país pode disparar. Além disso, uma eventual moratória na dívida pública grega intensificaria a desconfiança em relação a outros países do bloco econômico, principalmente a Espanha e a Itália, mas os reflexos seriam sentidos em todo o planeta.
“Nenhum economista pode prever se a saída da Grécia terá o mesmo efeito da quebra do Lehman Brothers [que desencadeou a crise mundial em 2008], mas o mais provável é que a expulsão do país da zona do euro provoque corridas bancárias em outros países e contamine o ambiente global”, diz o professor André Nassif, especialista em economia internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O professor ressalta que o Brasil não está imune a um eventual calote grego, com depreciação cambial e congelamento do crédito, interno e externo. “Todos os países emergentes estão sujeitos à fuga de capitais, com imediato reflexo sobre o câmbio”, avalia Nassif. Segundo ele, apesar da disparada do dólar nos últimos meses, a moeda norte-americana subiria ainda mais com a deterioração do cenário externo.
De acordo com o professor, a dependência do Brasil em relação aos capitais financeiros internacionais, expressa no déficit nas contas externas do país, atualmente em torno de 2% do PIB, torna o país mais vulnerável a turbulências externas. “O dólar poderia subir para até R$ 2,30 ou R$ 2,40 porque há espaço para isso.”
Apesar da crise, o professor diz que a alta do câmbio traz oportunidades para o Brasil reverter desequilíbrios na economia, beneficiando a indústria nacional e melhorando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. “A taxa de câmbio de equilíbrio, que é neutra para exportadores, importadores e produtores nacionais, está entre R$ 2,30 e R$ 2,90, dependendo da estimativa. A depreciação do real faria a moeda se aproximar desses níveis”, observa.
Para Nassif, o governo brasileiro deveria aproveitar a disparada do dólar para introduzir medidas de controle de capital que impedissem a queda da cotação da moeda norte-americana para abaixo de R$ 2, caso a situação econômica externa volte a melhorar. “Os países asiáticos fizeram isso e impediram a sobrevalorização das moedas”, explica.
Uma disparada do câmbio terá impacto sobre a inflação. O professor, no entanto, ressalta que o repasse do dólar mais alto para os preços não será tão imediato por causa da desaceleração da economia brasileira. Segundo ele, a demanda mais baixa desincentiva as empresas a aumentarem preços na mesma proporção que o câmbio se deprecia.
Brasília – Os gregos foram às urnas hoje (17), pela segunda vez em pouco mais de um mês, numa votação que deve decidir muito mais do que a composição das 300 vagas do Parlamento. A eleição, na prática, definirá se o país continuará a usar o euro ou se retirará do grupo de Estados que adotam a moeda única, com desdobramentos que podem trazer sérias consequências para a economia mundial.
Os dois principais partidos na disputa, o conservador Nova Democracia e o esquerdista Syriza, que, segundo a primeira pesquisa de boca de urna, estão empatados, se dizem favoráveis à permanência no bloco europeu. O Syriza defende, porém, a revisão das medidas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE). Para receber até 2014 a ajuda de 130 bilhões de euros que evitará um calote do país na dívida pública, a Grécia teve de aceitar um pacote de corte de gastos que agravou a recessão e o desemprego.
Desde 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia acumula queda de 14%. O desemprego chega a 22% da população economicamente ativa. A saída da zona do euro, no entanto, pode piorar a situação. Se os gregos voltarem a adotar o dracma como moeda, a inflação no país pode disparar. Além disso, uma eventual moratória na dívida pública grega intensificaria a desconfiança em relação a outros países do bloco econômico, principalmente a Espanha e a Itália, mas os reflexos seriam sentidos em todo o planeta.
“Nenhum economista pode prever se a saída da Grécia terá o mesmo efeito da quebra do Lehman Brothers [que desencadeou a crise mundial em 2008], mas o mais provável é que a expulsão do país da zona do euro provoque corridas bancárias em outros países e contamine o ambiente global”, diz o professor André Nassif, especialista em economia internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O professor ressalta que o Brasil não está imune a um eventual calote grego, com depreciação cambial e congelamento do crédito, interno e externo. “Todos os países emergentes estão sujeitos à fuga de capitais, com imediato reflexo sobre o câmbio”, avalia Nassif. Segundo ele, apesar da disparada do dólar nos últimos meses, a moeda norte-americana subiria ainda mais com a deterioração do cenário externo.
De acordo com o professor, a dependência do Brasil em relação aos capitais financeiros internacionais, expressa no déficit nas contas externas do país, atualmente em torno de 2% do PIB, torna o país mais vulnerável a turbulências externas. “O dólar poderia subir para até R$ 2,30 ou R$ 2,40 porque há espaço para isso.”
Apesar da crise, o professor diz que a alta do câmbio traz oportunidades para o Brasil reverter desequilíbrios na economia, beneficiando a indústria nacional e melhorando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. “A taxa de câmbio de equilíbrio, que é neutra para exportadores, importadores e produtores nacionais, está entre R$ 2,30 e R$ 2,90, dependendo da estimativa. A depreciação do real faria a moeda se aproximar desses níveis”, observa.
Para Nassif, o governo brasileiro deveria aproveitar a disparada do dólar para introduzir medidas de controle de capital que impedissem a queda da cotação da moeda norte-americana para abaixo de R$ 2, caso a situação econômica externa volte a melhorar. “Os países asiáticos fizeram isso e impediram a sobrevalorização das moedas”, explica.
Uma disparada do câmbio terá impacto sobre a inflação. O professor, no entanto, ressalta que o repasse do dólar mais alto para os preços não será tão imediato por causa da desaceleração da economia brasileira. Segundo ele, a demanda mais baixa desincentiva as empresas a aumentarem preços na mesma proporção que o câmbio se deprecia.