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Governo Dilma diz que petróleo não será largado de repente

Para Alessandro Teixeira, acreditar no fim da produção baseada em energia fóssil nos próximos 10 anos é ingenuidade

Para Teixeira, a transformação para desenvolvimento verde não acontecerá da noite pro dia (Alexandre Battibugli/EXAME)

Vanessa Barbosa

Publicado em 30 de junho de 2014 às 14h27.

São Paulo - Para o Brasil assumir a liderança global nas discussões internacionais sobre sustentabilidade, deverá, nos próximos anos, transformar a sua riqueza natural em patrimônio para o desenvolvimento econômico e social do país. A afirmação é de Alexandre Teixeira, um dos nomes do PT mais próximos da recém eleita presidente do Brasil e cotado para uma nova pasta ministerial, de Pequenas e Médias Empresas.

O presidente da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) participou do EXAME Fórum Sustentabilidade 2010, em SP, como representante do próximo governo. Já de partida, ele rebateu críticas do especialista em energia e sócio-fundador do CBIE, Adriano Pires, para quem o pré-sal pode colocar o país "na contra mão da história em uma condição pré-industrial".

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"Achar que abandonaremos os processos de desenvolvimento e produção baseados em energia fóssil nos próximos dez anos é, no mínimo, uma ingenuidade", afirmou Teixeira. "Temos que olhar pro Brasil e ver nossas possibilidades de crescimento e não nos preocupar com as pressões internacionais".

Teixeira diz estar consciente de que a migração do atual modelo de desenvolvimento - abastecido a energia fóssil e de uso descontrolado de recursos naturais finitos - para uma economia de baixo carbono tem integrado a agenda política e ambiental de muitos países como estratégia para o futuro. Mas para ele, a transformação econômica exigida pelo desenvolvimento verde não acontecerá da noite pro dia. "Todas as transformações econômicas levam tempo, por isso é absurdo esperar que o modelo atual será abandonado num estalar de dedos".

Desafios do governo Dilma

Alessandro Teixeira listou os principais desafios que Dilma Roussef deverá enfrentar nos próximos quatro anos no campo ambiental. O primeiro deles é aprovar o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, "que exigirá esforços imensos". Sob o guarda-chuva deste projeto está a redução de desmatamento da Amazônia em 80% no próximo governo.

Outro desafio será incorporar o conceito de sustentabilidade no setor de exportação. "Temos empresas de cosméticos com tecnologias de produção limpa de ponta, mas também temos uma forte industria de exportação de couro". Segundo Teixeira, o novo governo estuda desenvolver um Plano Nacional de Agricultura Sustentável.

Também será indispensável mobilizar conhecimentos científicos e saberes de nossa diversidade cultural para o uso sustentável da biodiversidade, criando negócios sustentáveis e trabalhos verdes. Para tanto, será preciso estimular a concessão de créditos para planos de negócio verdes por bancos públicos.

"Nosso governo está comprometido com a transição de uma economia baseada em energia fóssil e extrativismo para uma economia verde que, mais do que preservar o meio ambiente, vai garantir uma melhor qualidade de vida para a população brasileira".

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