Renda do setor agrícola pode cair na próxima safra, diz ministro

O Brasil deve colher entre 128,9 milhões e 130,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2004/2005, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quarta-feira (27/10). Qualquer resultado real que fique dentro dessa faixa será o novo recorde de grãos do país, que colheu 119,3 milhões de toneladas na safra passada. Mas a façanha não será suficiente para impedir que a renda dos agricultores caia no próximo ano, pressionada pela queda dos preços internacionais das commodities agrícolas e pelo aumento dos insumos (como sementes e fertilizantes).

"Os produtores rurais já têm claro que haverá uma redução da renda", afirma o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Para impedir que isto aconteça, a área plantada na próxima safra deveria crescer cerca de 3 milhões de hectares, a fim de que o maior volume colhido compensasse os fatores negativos, mas a pesquisa da Conab indica que a expansão será de apenas 1 milhão.

A queda da renda rural será concentrada na área de grãos, como algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo, conforme Rodrigues. Em conjunto, os grãos representam 40% do Produto Interno Bruto (PIB) da agricultura. No ano passado,o PIB do setor cresceu 6,54%, enquanto o país encolheu 0,2%. Outros segmentos do agronegócio, como laranja, açúcar, café e carnes, não enfrentarão o mesmo problema ou, se isto acontecer, será de modo bastante leve. "Alguns setores estão até apresentando melhoria", diz Rodrigues (leia também reportagem de EXAME sobre quem fez fortuna com a agropecuária).

Infra-estrutura

A safra recorde prevista para o próximo ano não gerará problemas de armazenagem e transporte, conforme o ministro. Segundo Rodrigues, o governo já tomou as medidas necessárias para ampliar a infra-estrutura de apoio ao agronegócio, como a alocação de 62 milhões de reais para melhorias nos principais portos do país e a recuperação de 7 500 quilômetros de rodovias.

O ministro também afirmou que estão em curso investimentos para a ampliação da capacidade de armazenamento de grãos dentro das próprias fazendas. A estimativa é que a capacidade seja elevada entre 5% e 10% até o término da próxima colheita.

Com informações da Agência Brasil.