Economia

Reino Unido prepara ampla revisão de mercados financeiros

Os planos de reforma chegam em um momento crítico para o setor de serviços financeiros do Reino Unido, que foi em grande parte excluído do acordo comercial com a UE

Relógio Big Ben e a bandeira do Reino Unido (Getty Images/Getty Images)

Relógio Big Ben e a bandeira do Reino Unido (Getty Images/Getty Images)

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Fabiane Stefano

Publicado em 12 de março de 2021 às 17h57.

Última atualização em 12 de março de 2021 às 17h58.

O Reino Unido prepara uma ampla revisão dos mercados financeiros para defender o domínio global da City of London após o Brexit. Em entrevista à Bloomberg, o secretário econômico do Tesouro, John Glen, disse que o governo não vai parar depois de revisar as regras que cobrem as ofertas públicas iniciais e as fintechs. O governo também vai consultar empresas sobre “propostas detalhadas para uma reforma mais ampla dos mercados de capitais” em meados do ano, disse na quarta-feira.

A revisão terá como foco mudanças na estrutura do mercado, regras de transparência, bem como commodities, disse o ministro. O objetivo é reduzir custos e encargos das empresas, mantendo altos padrões de regulamentação, acrescentou. Em um sinal de que nada está descartado, Glen quer que o projeto seja “o mais amplo e inclusivo possível, para que realmente olhemos tudo”.

A revisão pode resultar em uma das maiores transformações dos mercados financeiros do Reino Unido das últimas décadas. Glen enfatizou que quaisquer mudanças serão para minimizar a carga sobre os participantes do mercado, mas “sem prejudicar os altos padrões e a integridade de nosso mercado, nossa reputação”.

As mudanças visam proteger um setor que responde por cerca de 7% da economia e cerca de um décimo das receitas fiscais, e que foi impactado pela decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. A City of London perdeu a liderança neste ano como mercado preferido na Europa para comprar e vender ações, e a UE tem pressionado empresas a transferirem mais operadores e negociadores para o bloco.

Glen disse que, nos últimos meses, se encontrou com cerca de 50 CEOs de bancos, seguradoras e fintechs, e que o objetivo é buscar uma “evolução ágil”, e não uma “revolução”.

Não estou detectando qualquer apetite por uma desregulamentação revolucionária, porque isso não reforça a integridade da reputação da City. Não há dúvida de que buscaremos obter ganhos econômicos com a desregulamentação.

John Glen, secretário econômico do Tesouro do Reino Unido

Os planos de reforma chegam em um momento crítico para o setor de serviços financeiros do Reino Unido, que foi em grande parte excluído do acordo comercial com a UE. O governo britânico tem pressionado para receber as chamadas decisões de equivalência, o que daria amplo acesso ao bloco, mas isso parece cada vez mais improvável à medida que a UE toma medidas para fortalecer seu próprio setor financeiro.

Embora o Reino Unido tenha concedido a equivalência à UE em 17 áreas, o bloco até agora só retribuiu em duas. Glen não quis dizer quando ou se acredita que a UE pode expandir seu acesso ao mercado, dizendo que o país “cooperou totalmente”.

“É um assunto para eles”, disse Glen. “É um órgão soberano que tomará essas decisões no devido tempo, então tenho que focar nas coisas que posso fazer e que estão em meu poder.”

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