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Reformas e inflação impulsionaram corte maior no juro, diz BC

Em ata, Copom afirma que momento atual não é "propriamente de um quadro recessivo na atividade econômica"

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h07.

A melhora dos índices de inflação e a perspectiva de um cenário fiscal mais saudável impulsionado pelas reformas levaram o Copom (Comitê de Política Monetária) a cortar em 2,5 pontos percentuais a Selic (taxa básica de juros). "O Copom entendeu ser adequado avançar no processo de flexibilização da política monetária, promovendo neste momento um ajuste na taxa de juros básica de forma a posicioná-la numa trajetória consistente com a estratégia de convergência gradativa da estrutura de taxas de juros reais da economia para a sua posição de equilíbrio, com o objetivo já mencionado de garantir a convergência da inflação para a trajetória das metas", afirmou o Banco Central em nota divulgada nesta quinta-feira (28/8). "Diante disso, o Copom decidiu por unanimidade fixar a meta para a taxa Selic em 22% ao ano." Em relação à política fiscal, o BC supõe também o cumprimento da meta de superávit primário de 4,25% do PIB neste e nos próximos dois anos.

Para o BC, a queda no nível de atividade da indústria e a retração das vendas no varejo ficaram ainda "acima do desejado". "Não se trata propriamente de um quadro recessivo na atividade econômica, uma vez que a desaceleração não é generalizada, e algumas atividades importantes, como agricultura e setores ligados à exportação, vêm apresentando elevadas taxas de crescimento", afirma o BC.

Na ata, a autoridade monetária afirma que as perspectivas para o segundo semestre são melhores do que o verificado no primeiro semestre. "A atividade econômica, particularmente no último trimestre de 2003, deverá se beneficiar dos efeitos dos cortes na taxa de juros básica nas últimas três reuniões do Copom e da redução recente no recolhimento compulsório sobre depósitos à vista", afirma o Copom. Para o BC, "o aumento dos rendimentos reais, que deverá ocorrer com a queda da inflação, será um fator importante para a sustentação da retomada da atividade econômica". A base de comparação mais deprimida do primeiro semestre também será favorável para uma "recuperação de forma balanceada, com retomada do consumo e investimento e sem geração de pressões inflacionárias significativas".

Inflação

As projeções de inflação do Banco Central para os próximos doze meses e para 2004, ainda supondo constantes a taxa de câmbio e a taxa Selic, apontam para valores abaixo da trajetória das metas, afirma o BC. "O impacto da queda na taxa de juros e da depreciação cambial ocorrida no último mês foi compensado pela menor projeção de reajuste para os preços administrados no próximo ano e pela redução expressiva das expectativas de inflação."

Apesar de considerar que a inflação converge para as metas, o BC ainda acredita que o momento atual é de transição no modelo de política econômica. "A política monetária deve ser calibrada de forma que a trajetória da inflação convirja para a trajetória das metas. No médio prazo, há uma estrutura a termo de taxas de juros reais na economia que é consistente com esse objetivo."

"À medida que se obtêm evidências de que a trajetória da inflação está se tornando mais próxima da trajetória de metas, é natural que diminua a distância entre as taxas de juros reais prevalecentes para diferentes maturidades e seus valores de equilíbrio no médio prazo", afirma o BC, que voltará a se reunir em 16 e 17 de setembro.

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