Economia

Reforma tributária acaba com margem de ganhos dos supermercados, diz Abras

Os lucros do setor de supermercados no país estão ameaçados pelo projeto de reforma tributária em discussão no Congresso Nacional. Essa é a análise da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). Os empresários do setor estão especialmente preocupados com a idéia do governo de aplicar uma contribuição sobre a receita líquida para compensar a redução de […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h54.

Os lucros do setor de supermercados no país estão ameaçados pelo projeto de reforma tributária em discussão no Congresso Nacional. Essa é a análise da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras). Os empresários do setor estão especialmente preocupados com a idéia do governo de aplicar uma contribuição sobre a receita líquida para compensar a redução de 20% para 11% da contribuição do INSS na folha de pagamento. Os índices propostos para essa taxação variam de 2,3% a 2,75% do faturamento. "Haveria um aumento de 40% nos impostos sobre as vendas", diz João Carlos de Oliveira, presidente da Abras.

O economista Alfredo Peringer, da Abras, fez uma simulação sobre o impacto de uma contribuição de 2,5% da receita líquida e concluiu que todos os supermercados sairiam perdendo. Segundo ele, só haveria equilíbrio para as empresas em que a folha de pagamento represente 28% da receita líquida. Como nenhuma empresa do setor, segundo ele, está abaixo desse patamar (a média entre elas é entre 15% e 17% da receita), todas veriam sua margem de lucro minguar. "A rentabilidade média no setor é de 1% sobre as vendas e o custo com essa mudança seria maior que isso", diz Peringer. "O resultado é que a nova contribuição acabaria com a margem de ganho dos supermercados."

Há um mês, a Abras encaminhou uma proposta de mudança na tributação para o relator da reforma tributária, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). O presidente da Abras disse que o setor reivindica, entre outros tópicos, a desoneração dos produtos que compõem a cesta básica. Para isso, segundo ele, seria necessário definir com rigor a abrangência dessa cesta, que inclui entre 11 e 30 produtos, de acordo com o estado. "O ideal é que a cesta tenha entre 15 e 20 produtos", diz Oliveira.

Ele prefere não estimar quanto as vendas aumentariam se houvesse essa desoneração. "Como os preços cairiam, é impossível calcular se o corte do imposto seria compensado pelo aumento do consumo", afirma. Outra reivindicação do setor é de que seja reduzida a tributação sobre a produção. "Atualmente, 80% dos impostos incidem na produção", diz. "Para haver justiça, eles deveriam incindir mais sobre a renda da população, beneficiando os mais pobres."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (15/9), na abertura da 37a edição da ExpoAbras, no Rio de Janeiro, que está receptivo à redução dos impostos sobre a cesta básica. Lula também negou que haverá um aumento dos impostos com a reforma. "Seria insanidade uma pessoa que criticou o aumento da carga tributária de 25% para 36% permitir o aumento de impostos a partir da reforma", afirmou o presidente.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Comitê do governo recomenda o encerramento do subsídio tributário para termelétricas

Prévia do PIB: IBC-Br recua 0,4% em julho, primeira queda em quatro meses

Igualdade de gênero poderia acrescentar R$ 60 trilhões ao PIB global, diz estudo

Em disputa de R$ 1 bi, Caixa não liberará terreno no Rio para estádio do Flamengo sem compensação