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Quanto custa uma fábrica de chips?

No segundo semestre deste ano, o governo pretende apresentar propostas para multinacionais da eletrônica instalarem fábricas de semicondutores no Brasil. A presidência da República, a Câmara de Política Econômica (que congrega vários ministérios) e o BNDES já têm um cronograma de ações para deslanchar uma política de atração de fabricantes de chips. Até 15 de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

No segundo semestre deste ano, o governo pretende apresentar propostas para multinacionais da eletrônica instalarem fábricas de semicondutores no Brasil. A presidência da República, a Câmara de Política Econômica (que congrega vários ministérios) e o BNDES já têm um cronograma de ações para deslanchar uma política de atração de fabricantes de chips. Até 15 de abril, o BNDES contratará uma consultoria internacional encarregada de fazer um plano estratégico identificando potenciais investidores, propondo incentivos e subsídios e avaliando custos, benefícios e impactos. O edital da contratação, que já está pronto, dá à empresa consultora 120 dias para concluir o plano. Em setembro, portanto, haverá decisões a tomar.

A decisão vem da presidência da República. Temos de atrair algumas grandes empresas para cá, não apenas para produzir para o mercado interno mas também para transformar o país numa plataforma de exportação de componentes eletrônicos , disse recentemente o presidente Fernando Henrique Cardoso a O Estado de São Paulo. Nessa área é preciso fazer substituição de importações. Não basta baixar tarifas. O Brasil precisa ter uma política de incentivos para transferir competência e capacidade de produção de chips e componentes eletrônicos em geral , afirmou Cardoso. A intensificação da política industrial será um dos temas decisivos da campanha eleitoral que definirá o sucessor do presidente, em outubro. O próximo governo já encontrará o terreno mapeado.

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Só falta as multinacionais concordarem. Para atrair grandes fabricantes de chips são necessários programas de incentivo convincentes e condições de produção e exportação especiais. Todos os países que hospedam essas fábricas distribuem estímulos oficiais. É o caso dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha, da França, da Coréia, de Cingapura, da Malásia, de Taiwan, das Filipinas, da Irlanda, da Hungria e de Israel. Na América Latina, o México e a Costa Rica têm fábricas de chips. Trata-se, na verdade, de incentivos muito maiores do que os oferecidos pelo Brasil em programas de substituição de importações no passado. A disputa entre os países para possuir uma fábrica é acirrada.

Nos últimos meses, multinacionais interessadas no mercado brasileiro têm procurado o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para sondar as intenções do governo. Em janeiro, a entrada em vigor da Lei de Informática -- após 19 meses de discussão no Congresso -- trouxe estímulo à produção nacional. A lei aumenta a cobrança de IPI na importação de produtos de informática e de telecomunicações até 2009, ao mesmo tempo que que diminui a taxa (de 15% para 1,5%) para as empresas que agregarem matéria-prima nacional e investirem 5% do faturamento em pesquisa. A nova legislação tornou o ambiente regulatório mais claro.

Alguns fabricantes de chips já apresentaram listas de reivindicações. Representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) também visitaram fábricas em diversos países. A movimentação gerou expectativas. O americano Hector Ruiz, presidente da Advanced Micro Devices (AMD), empresa americana que é a segunda maior fabricante de processadores para informática do mundo, visitou o Ministério do Desenvolvimento no ano passado e disse, na saída: "A AMD não seria boba a ponto de não investir na economia de um país que já tem 8 milhões de pessoas conectadas à internet".

O mercado especula sobre algumas empresas. Sabemos que a AMD, a Intel, o consórcio europeu ST Microelectronics e a Toshiba japonesa estão interessados , diz Carlos de Paiva Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletroeletrônica (Abinee). O governo só precisa definir uma política", diz Benjamin Sicsú, secretário executivo do MDIC. "Tão logo isso seja feito, os fabricantes de eletrônicos que já estão aqui também passarão a contemplar a ampliação de sua base de produção no país. Para Sicsú, múltis como a Siemens, a Samsung, a LG, a Motorola, a Nokia, a Toshiba e a Panasonic tendem a achar conveniente a atração de fábricas de chips e de fornecedores para cá.

Diante de um novo ciclo de substituição de importações, o setor eletroeletrônico desponta como prioridade. Em 1999, o mercado mundial de petróleo movimentou 510 bilhões de dólares e o de autoveículos, 930 bilhões. Enquanto isso, o de eletrônica movimentou 1,2 trilhão de dólares. Apesar de 2001 ter sido um desastre para o setor, as tecnologias de informação são a locomotiva da expansão econômica dos países desenvolvidos. No ano passado, só o mercado mundial de semicondutores encolheu 33%. Faturou 152 bilhões de dólares. Foi o pior ano da história do mercado , diz Mary Olsson, analista-chefe da consultora Gartner Dataquest, da Califórnia. Segundo ela, o setor está em fase de desestabilização e várias empresas deverão fechar em 2002 (veja as maiores na página xx). Mesmo assim, continuam a surgir empresas e as companhias continuam a investir em comunicação sem fio, em redes e em interatividade. Segundo Mary, a digitalização de bens de consumo garante a expansão do mercado de semicondutores. Esses mercados em expansão puxarão o crescimento econômico dos próximos cinco anos e dos anos seguintes. Apesar do atual declínio, a indústria mantém os olhos no futuro , afirma.

No Brasil, 2001 não foi um ano ruim para o setor eletroeletrônico. As empresas faturaram 24 bilhões de dólares, crescendo 11% em relação a 2000. Os últimos cinco anos de crescimento do mercado telecom transformaram o país em exportador de equipamentos de comunicação, como telefones celulares, e em grande importador de componentes eletrônicos. O resultado são pesados déficits que se acumulam na balança comercial do setor. No ano passado, o Brasil exportou 4,5 bilhões de dólares em produtos eletrônicos e importou 12,5 bilhões -- déficit de 8 bilhões de dólares. Isso representa mais que o dobro dos 3,9 bilhões de dólares do déficit do setor de petróleo, que era o grande vilão das contas nacionais nas décadas de 70 e 80. Em 2005, teme-se que a sangria ultrapasse os 10 bilhões de dólares.

Mais da metade dos 8 bilhões do déficit resultam da importação de componentes, sendo 1,7 bilhão só da importação de semicondutores. Na verdade, segundo a Abinee, o peso dos semicondutores para o desequilíbrio da balança é maior. As empresas da Zona Franca de Manaus importam grande quantidade de chips embutidos em peças e placas. Só que eles escapam da identificação nominal de componentes porque são considerados partes e peças . Dentro das placas prontas compradas e das peças importadas está cheio de semicondutores , diz Paiva Lopes. "Este é o calcanhar-de-aquiles da indústria brasileira", diz o presidente da Anatel, Renato Guerreiro. "Temos de coordenar uma ação industrial para o Brasil se lançar como produtor mundial de componentes. Não há muito espaço internacional, mas o Brasil pode, com certeza, ser um dos fabricantes."

O déficit é uma sangria para as contas nacionais. Mas não é a principal razão para atrair fabricantes. A questão é que a tecnologia de semicondutores é a chave do crescimento econômico. Essa é a sua importância estratégica , afirma Bartolomé Manuera, diretor da ST Microelectronics no Brasil, empresa ítalo-francesa que fatura 6,5 bilhões de dólares por ano, possui 18 fábricas de chips e é uma das maiores fornecedoras de semicondutores ao Brasil. Os chips são os dínamos do processo de inovação que propulsiona a informática, as telecomunicações, a automação e a eletrônica de consumo , diz Manuera.

Para Celso Previdelli, gerente-geral da AMD do Brasil, o domínio da tecnologia é crucial. Ela gera produtos de alto valor agregado, muitos empregos em todos os níveis e alguns empregos de altíssimo nível , diz. Além disso, as fábricas de semicondutores aglutinam as plantas da cadeia produtiva. Em torno delas se enraizam clusters tecnológicos , afirma Previdelli. A Costa Rica, por exemplo, passou por grandes transformações depois que atraiu, em 1996, a expensas do Brasil, uma fábrica da gigante Intel, a maior fabricante de semicondutores do mundo.

Fabricar chips não é um empreendimento corriqueiro. A grandeza do problema dos semicondutores é induzir o país que deseja fabricá-los a se repensar , diz Paulo Cunha, gerente da Intel no Brasil. O custo do investimento -- de 350 milhões a 5 bilhões de dólares, dependendo da planta -- pressupõe produção em larga escala voltada para a exportação. Trata-se de plataformas de exportação. São fábricas mundiais. Elas não atendem um mercado , diz Previdelli. Provavelmente a empresa que vier fabricar no Brasil vai vender 10% no mercado brasileiro e 90% fora , diz Sicsú. Mas como o ciclo tecnológico dos chips é cada vez mais curto, o capital investido deve retornar em três anos. Além disso, as fábricas precisam da mão-de-obra de Ph.Ds., exigem sofisticada infra-estrutura logística (aeroportos, estradas, energia, comunicações) e requerem regime aduaneiro rápido, capaz de permitir produção e entrega de produtos em 48 horas, em qualquer lugar do mundo. Nenhuma dessas empresas trabalha com estoque.

Uma fábrica de chips custa um fábula. E demanda uma reforma no país. O importante é que tudo o que você fizer daqui para a frente precisará ter chips , diz Jesus Boelle, vice-presidente da Itaucom, empresa subsidiária da Itautec-Philco e integrante do grupo Itaúsa, que detém 40% do mercado nacional de semicondutores de memórias. Até para criar boi você vai ter de chipar a orelha dele." A fábrica da Itaucom, em Jundiaí, no interior de São Paulo, é a única no Brasil a dominar a etapa de fabricação de semicondutores conhecida como back end - onde é feita a encapsulação e a montagem de chips importados semiprontos. Em Guarulhos, também em São Paulo, a empresa japonesa NEC importa memórias prontas e faz montagem de módulos. As duas outras empresas do mercado nacional, a Semikron e a Aegis, restringem-se ao nicho de semicondutores de potência, destinados a geradores e retificadores industriais. O único grupo brasileiro com capacidade para fabricar semicondutores integralmente no país é o Itaúsa. Mas o investimento é muito grande , diz Boelle. Ninguém dará um passo desse tamanho sem uma política bem definida, com garantia de estabilidade. O doutor Olavo Setubal é um grande empreendedor, não um aventureiro.

O processo de fabricação compreende três fases distintas: design, foundry e back end. Na primeira, engenheiros ultraespecializados em microeletrônica concebem os novos dispositivos e concentram 90% dos direitos de propriedade intelectual. Na foundry são fabricadas as "bolachas" (wafer) de silício que constituem os chips. No back end, os chips são encapsulados, montados e, em alguns casos, testados. O Brasil terá de escolher entre expandir sua capacidade instalada, implantar partes do processo ou todo ele. Para nós, a melhor equação é estimular a capacitação nacional no design e adensar a operação de back end. Trazer foundry para cá é inviável , diz Vanda Scartezini, secretária de informática do Ministério da Ciência e Tecnologia. Temos apenas 237 mestres e doutores em microeletrônica. Precisamos de muitos mais. Não temos mão-de-obra para foundry. O Ministério do Desenvolvimento, entretanto, aposta na manufatura. Devemos dominar a foundry, a produção física dos chips , diz o secretário Benjamin Sicsú. O peso da indústria, do mercado e das empresas puxará o desenvolvimento do design, do back end e de tudo o mais.

Entretanto, três das quatro multinacionais supostamente interessadas no mercado brasileiro acham que o país não possui condições para abrigar uma foundry. Para a Intel, a AMD e a ST, o Brasil tem mais possibilidades de atrair uma planta de back end, semelhante à instalada pela Intel na Costa Rica. Uma foundry exige ótimas universidades, pessoal hiperqualificado, energia estável, ótimas estradas, alfândega rápida, financiamento compatível com o padrão internacional, desburocratização e outros atributos que o Brasil não possui , diz Manuera. A ST gastou 3 bilhões de dólares para instalar uma foundry em Crolles, na França. A empresa, hoje, faz a montagem dos semicondutores no Marrocos e a testagem nos Estados Unidos. Manuera conversou com ministros brasileiros no ano passado. Na situação atual, acho que atrair uma planta de back end seria mais fácil , afirma. Mas a longo prazo poderíamos pensar em pólos de exportação operando com regimes especiais, como as zonas econômicas especiais da China, em Campinas ou Curitiba . Para Manuera, dominar a tecnologia pode ser mais importante do que controlar a manufatura. Nesse negócio, várias fábricas em vários países fazem, cada qual, uma parte do produto. Nem todos os países precisam ter todas as fábricas.

Para Previdelli, da AMD, o Brasil tampouco dispõe de infra-estrutura para foundry. Mas, para operar back end teria melhores condições do que países como a China ou a Malásia. Uma planta de back end, que requer mão-de-obra menos sofisticada, poderia ser competitiva no Brasil por estar mais perto do mercado consumidor americano do que as fábricas asiáticas. Na sua opinião, o país não tem como disputar com as facilidades de operação oferecidas por países como Cingapura e Hong Kong. O nosso custo de produção é muito mais alto. Além disso, há um problema cultural: nós transformamos qualquer discussão de seis meses em seis anos.

Segundo o planejamento qüinqüenal da AMD, a empresa contempla diversificar investimentos na fabricação de semicondutores em vários países. O grupo, que fatura 4,6 bilhões de dólares por ano, implantou uma foundry nova em Dresden, na antiga Alemanha Oriental, em 1999. Custou 4 bilhões de dólares. O governo alemão foi decisivo na oferta de incentivos , diz Previdelli. Eles queriam atrair uma grande fábrica para plantar um cluster eletrônico na região, que é pobre. Já tinham uma intelligentzia local e não queriam perder seus Ph.Ds. para outros países. Segundo Previdelli, o presidente da empresa, Hector Ruiz, conversou, em fevereiro de 2001, com o então ministro de desenvolvimento Alcides Tápias sobre a instalação de uma fábrica de processadores no Brasil. Ruiz também visitou as empresas do grupo Itautec, mas nada foi acordado. Os efeitos do racionamento de energia, da saída de Tápias do cargo e do desaquecimento do mercado global esfriaram o ânimo da empresa. A AMD deseja aumentar seus investimentos no país, mas por enquanto está apenas expandindo seu escritório de marketing , diz Previdelli.

Paulo Cunha, da Intel, confirma que o momento não é bom. Mas é o momento certo para tomar decisões, antes que o mercado se recupere , diz. A Intel faturou 26,5 bilhões de dólares em 2001, 21% menos do que em 2000. Apesar de ter preferido a Costa Rica para investir pesado, nos últimos anos a empresa vem ampliando suas operações no Brasil. Somos os maiores fabricantes de semicondutores no mundo, mas também atuamos no Brasil com software, design, placas e uma infinidade de produtos. Cunha duvida da hipótese de uma foundry no Brasil. As foundries estão no Primeiro Mundo porque lá estão os Ph.Ds. Além disso, custam muito caro e requerem logística impecável. Uma foundry custa de 2 a 5 bilhões de dólares. Já uma fábrica de back end custa de 350 milhões de dólares a 1 bilhão. É mais viável. Na Intel, o grupo de Site Assessment visita, duas vezes por ano, todos países onde a empresa investe. Eles têm um formulário com 150 itens que avalia constantemente as condições de cada país. O Brasil está sempre bem colocado numa lista de candidatos a abrigar manufatura.

Para o gerente da Intel uma fábrica de back end faz sentido. O problema logístico brasileiro é sério e a aduana é muito ruim. Mas a Lei da Informática saiu, o Programa Nacional de Microeletrônica vai formar doutores e houve melhorias nos portos. A Intel percebe que o Brasil está indo na direção certa. Segundo Cunha, o ponto decisivo é os agentes econômicos compreenderem que a dinâmica do negócio exige a parceria do fabricante com o Estado. Em todos os países, tem sempre um pacote de medidas a negociar com o governo. Atenta às mudanças na política econômica, a empresa mantém constante contato com o governo. Posso garantir que tanto o número de executivos da Intel que visitam o governo quanto o de secretários de governo que visitam fábricas da Intel é maior do que os números de todos os nossos correntes juntos , diz Cunha.

O governo também tem de decidir que tipo de chip interessa ao Brasil fabricar. Há mais de 30 000 famílias de semicondutores, dos mais simples aos ultracomplexos. O mercado brasileiro é formado por centenas de empresas de equipamentos eletrônicos, fabricantes de bens de consumo como DVDs e vídeo, companhias telefônicas e montadoras de veículos -- todas grandes importadoras de chips. Nenhuma fábrica instalada no país poderá eliminar essa importação. Mas há semicondutores genéricos , que são usados por todos. É o caso dos chips de memória, armazenadores de informações, e dos chips processadores, controladores de operações. A fabricação de semicondutores desses tipos aliviaria a balança de pagamentos brasileira e poderia faturar muito com exportação. Considerando os faturamentos que mais crescem no Brasil, a maior demanda é por chips de celulares e chips de memória , afirma Sicsú. O ideal seria termos uma fábrica para telefonia e outra para a informática. A Intel, a AMD e a alemã Siemens, fortes nas duas modalidades, seriam boas candidatas.

Tudo, agora, depende de uma boa análise de custo e benefício. O MDIC, o MCT, os ministérios da Fazenda, das Comunicações, do Planejamento e o BNDES formaram um grupo de trabalho encarregado de esboçar a política de substituição de importações do setor. A empresa International Data Corporation (IDC) foi contratada para fazer um levantamento do mercado global, concluído em julho de 2001. O estudo revelou que o mercado é profundamente distorcido por políticas públicas voltadas à criação de vantagens competitivas baseadas em incentivos governamentais". Ou seja, nenhuma indústria se estabelece sem forte suporte governamental. "Os Estados Unidos dão isenção total de imposto de renda , diz a secretária Vanda Scartezini. O Arizona, o Oregon, o Idaho e o Novo México praticam guerra fiscal pra valer para atrair fabricantes." Segundo Boelle, da Itaucom, a instalação de uma fábrica não significa só investir uma montanha de dinheiro num país, mas manter uma revolução tecnológica permanente. "Uma vez instalada a fábrica, trata-se de criar novas gerações de chips, de fazer upgrade, de investir em máquinas novas e manter fábricas atualizadas na corrida tecnológica , afirma. Investimentos desse porte não ocorrem por ações livres do mercado. Requerem intervenção e parceria do Estado.

Um relatório do Grupo Interministerial sugere sugere cautela e adverte: O poder de barganha de um grande produtor tende a extrair um grande volume de incentivos, principalmente de países que tenham menor competitividade nos demais fatores . O levantamento feito pela IDC identificou nada menos que 12 categorias de incentivos amplamente usados no exterior (veja tabela na página xx). O governo trabalha com uma lista de medidas antecipadas como mínimas que constituem um rol de incentivos. Entre eles estão: agilidade nos procedimentos alfandegários, redução do imposto de renda, financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado internacional, incentivos para instalação de unidades produtoras e reconstituição do IPI de bens finais. Também se cogitam a redução das alíquotas ou isenção de imposto de importação sobre insumos utilizados na produção de componentes, a adoção de mecanismo de incentivo à aquisição local de componentes, a formação de recursos humanos qualificados, a extensão da política de atração aos atuais fabricantes de componentes e a eliminação da incidência do PIS/Cofins na produção.

Custa caro, não há dúvida. Mas o Brasil também tem poder de barganha. Até o fim do ano, por exemplo, a Anatel vai escolher o novo padrão de TV digital adequado ao país. Digitalização essa que, aliás, aumentará notavelmente a importação de chips. Esta é a hora de pôr uma fábrica na mesa , diz Paiva Lopes, da Abinee. O Brasil pode condicionar a escolha do padrão que vai beneficiar fabricantes de alguns países à vinda de uma fábrica de chips junto. O presidente da Abinee acha que o governo também pode pôr na mesa de negociação a extensão do padrão digital à toda a América Latina. Devemos puxar esse mercado para as nossas exportações. Temos cacife para isso.

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