Desde a posse dos deputados, em fevereiro, o quadro partidário na Câmara mudou bastante: 45 deputados (cerca de 9% do total) trocaram de partido, a maioria para partidos da base de apoio do Governo. O PTB foi o partido que mais cresceu, de 41 para 54 deputados, o que representa um aumento de quase 32%. Os partidos que mais perderam deputados foram os dois maiores da Oposição, o PSDB e o PFL.

Para o líder do PTB na Câmara, deputado Roberto Jefferson (RJ), o partido, por ser de centro, tornou-se o destino dos deputados que querem apoiar o Governo sem mudar de ideologia. "Os parlamentares oriundos do PFL e do PSDB que desejam ficar na base do governo encontram no PTB o partido certo , explica o deputado, assinalando que a mudança para o PT significaria uma opção muito à esquerda.

O PSDB perdeu oito deputados e teve sua bancada reduzida para 55. O PFL perdeu seis e ficou com 69. O partido que mais perdeu, em termos percentuais, no entanto, foi o PDT, que caiu de 17 para 13 deputados - uma redução de 17,64%.

O cientista político Antônio Cintra, consultor da Câmara, diz ser normal as mudanças de parlamentares para a base aliada. Ele observa que e diferença do Governo Lula para o de Fernando Henrique é que o PT, ao contrário do PSDB daquela época, não está recebendo parlamentares, pois os deputados migrantes preferem outros partidos da base do governo.

"O fenômeno da migração partidária no Brasil é intenso já há uns 15 anos, e se explica, em parte, pela grande dependência que os parlamentares têm em relação ao Executivo federal, e também aos executivos estaduais", diz Cintra.