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Produção enorme versus preço bom ainda não é dilema, diz Blairo Maggi

Um dos maiores agricultores de soja do mundo acha que não é hora de o Brasil se preocupar com excesso de produção

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h45.

Blairo Maggi ataca novamente. Depois de se tornar o maior produtor individual de soja do mundo (hoje ele disputa a posição com o primo Eraí Maggi Scheffer), de plantar mais de 50 000 hectares, colher 170 000 toneladas e conquistar a posição de trader de peso, virou governador do Mato Grosso, eleito no primeiro turno, pelo PPS. Em seu escritório em Cuiabá, ele falou a EXAME sobre algumas questões estratégicas do agronegócio e do desenvolvimento:

Produção x Preço

"Há muitos anos ouço essa preocupação, de que o crescimento da produção força os preços para baixo. É claro que você vai ter problemas se dobrar a sua produção de repente. Mas a produção brasileira vem crescendo gradualmente, ano a ano, junto com o consumo. Ainda não é hora de pensar em refrear esse crescimento.

Temos de ganhar mercados, incentivar o consumo. Há demanda crescente pelos principais produtos brasileiros, como soja, milho e suco de laranja.

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Além disso, acredito que haja uma tendência de que os subsídios agrícolas em outros países diminuam. Quando esses subsídios caírem, a produção de outros países vai cair também. E nós somos os mais preparados para um ambiente competitivo, com menos subsídios"

Agronegócio e o resto da economia

"A agricultura não é uma atividade que se desenrola da porteira da fazenda para dentro. É um setor dinâmico, que afeta todo o resto da economia. Eu diria que 90%, 95% do que se emprega no plantio numa safra tem de vir de fora da fazenda. A cada vez que vai plantar um hectare, o produtor depende de indústria, comércio e serviços. Ele faz girar tudo isso.

A pecuária não é grande geradora de emprego, mas a agricultura é. Há estudos mostrando que, para cada emprego criado na fazenda, criam-se 15 outros fora dela."

Crescimento acelerado demais

"A migração para as cidades pequenas que crescem rapidamente por causa do agronegócio ainda não é um problema. Essas cidades precisam de muita mão-de-obra e estão conseguindo absorver os migrantes".

Distribuir a riqueza

"Hoje, o Mato Grosso tem 600 000 pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Há algumas coisas que podemos fazer para combater esse problema.

Há áreas pobres que não produzem milho nem soja, mas não ficam distantes das áreas produtoras. A solução é atrair para esses lugares pobres atividades econômicas complementares à agricultura, como criações de aves e suínos e fábricas de ração."

Logística sem lógica

"Para a agricultura, as estradas continuam sendo o pior problema. Melhorar o fluxo pela BR-163 (Cuiabá-Santarém) e pela BR-158 (que sai do município de Ribeirão Cascalheira e atravessa a região do Araguaia até a divisa Mato Grosso-Pará) é fundamental para a economia do Mato Grosso e do país."

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