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Produção e exportação de veículos batem recorde no primeiro semestre

Apesar do câmbio desfavorável, desempenho do mercado externo superou expectativas das montadoras

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

A valorização do real, que corrói parte da competitividade do país no mercado externo, não impediu que a indústria automotiva batesse seu recorde de exportações no primeiro semestre. Entre janeiro e junho, foram exportados 394 857 veículos, 41,7% mais que os 278 724 embarcados em igual período do ano passado. Em valores, o mercado externo gerou vendas de 5,067 bilhões de dólares no semestre, 36,6% mais que os 3,709 bilhões da comparação. "São valores recordes para um primeiro semestre", afirma o Rogelio Golfarb, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Os recordes anteriores de volume embarcado e receitas com exportações pertenciam ao primeiro semestre do ano passado. De acordo com Golfarb, o que sustentou os embarques, na primeira metade do ano, foi a disposição das montadoras de manter o fornecimento aos mercados do exterior, mesmo com algumas operações já apresentando prejuízo. "A lucratividade das exportações desapareceu. As empresas cumprem os contratos em consideração aos clientes", diz.

Outro motivo para o bom momento das exportações é a expansão de alguns dos principais países compradores do Brasil. As vendas de veículos para a Argentina, por exemplo, devem crescer mais de 10% neste ano; na Venezuela, espera-se um aumento de 24% e, no Chile, de 12%. Assim como os brasileiros, outros fabricantes cobiçam essas regiões. Por isso, a concorrência com montadoras estrangeiras faz com que as fábricas do Brasil pensem duas vezes antes de abandonar algum mercado. "Quando uma empresa se retira de um mercado, entram as montadoras asiáticas em geral", afirma. Assim, manter os clientes conquistados reforça a necessidade de operar exportações deficitárias.

Produção

O bom desempenho da exportação alavancou a produção de automóveis no primeiro semestre, que também bateu o recorde para o período, com 1,202 milhão de unidades fabricadas, contra 1,038 milhão no mesmo intervalo de 2004. "Foi um resultado forte, em grande parte devido às exportações", afirma Golfarb.

As vendas internas, porém, mantiveram-se alinhadas às expectativas da Anfavea. O licenciamento de veículos nacionais alcançou 761 338 unidades no semestre, 9,5% superior às 695 592 de igual período de 2004. Ao contrário das exportações e da produção, o resultado de vendas não foi recorde. Segundo Golfarb, o que tem sustentado os negócios no Brasil são as promoções das montadoras e os esforços para melhorar as condições de financiamento, como alongamento de prazos e oferta de taxas de juros mais baixas.

Previsões

Para o presidente da Anfavea, a atual taxa de câmbio não deve estimular as exportações por muito tempo. Com o crescente prejuízo acumulado pelas montadoras com esses negócios e a perda de competitividade diante de concorrentes internacionais, Golfarb espera que as vendas externas declinem fortemente. Ele evitou, porém, estabelecer um prazo para que isto aconteça.

A Anfavea espera que as exportações cresçam 7% neste ano, acumulando 8,9 bilhões de dólares até dezembro. Apesar do desempenho acima do esperado nesta primeira metade do ano, a associação não pretende rever suas projeções em breve. De acordo com Golfarb, o segundo semestre será bastante volátil e ainda há muita incerteza sobre o comportamento futuro do câmbio e das taxas de juros.

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