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Privatização deve dominar mercado de fusões e aquisições no Brasil em 2019

De acordo com analistas, o avanço nas vendas de ativos é esperado para o segundo semestre de 2019 após um começo de ano fraco no setor

Mercado: expectativa é de maior número de privatizações no segundo semestre do ano (Leonardo Benassatto/Reuters)
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Reuters

Publicado em 10 de julho de 2019 às 19h13.

Última atualização em 10 de julho de 2019 às 19h18.

São Paulo — A venda de ativos estatais deve elevar o volume de fusões e aquisições e operações no mercado de capitais no segundo semestre, dizem banqueiros e investidores, depois de um início de ano mais lento do que o esperado.

Decisões judiciais que atrasaram vendas de ativos pela Petrobras e a lentidão na discussão da reforma da Previdência afetaram o volume de fusões e aquisições, que caiu 19% no primeiro semestre, para 20,8 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

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A maior facilidade para venda de participações estatais em empresas já listadas, entretanto, elevou o volume de ofertas de ações no primeiro semestre em 45%, para 8,6 bilhões de reais. Foi o melhor primeiro semestre desde 2013.

Depois que o STF finalmente liberou o maior negócio do ano, a venda da empresa de gasodutos TAG pela Petrobras para a francesa Engie por 8,6 bilhões de dólares, os bancos esperam que o volume de negócios ligados à privatização aumente. O próximo será a privatização, no mercado de ações, da distribuidora de combustível Petrobras Distribuidora , previsto para o fim deste mês.

"Estamos nos preparando para mais uma rodada de privatizações de infraestrutura, que poderá incluir aeroportos, estradas de ferro e rodovias", afirmou Hans Lin, chefe da área de banco de investimento do Bank of America no Brasil.

A aprovação da reforma da Previdência deve destravar planos de expansão de empresas privadas, que ainda aguardam um cenário mais claro sobre o crescimento econômico.

Um dos poucos negócios privados anunciados recentemente foi a intenção anunciada de fusão entre as empresas de alimentos BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e Marfrig Global Foods.

"Esperamos um volume maior de fusões e aquisições privadas no ano que vem, já que o prazo entre o início das discussões e os anúncios costuma ser de cerca de nove meses", diz o chefe da área de banco de investimento do Citi no Brasil, Eduardo Miras. O Citi liderou o ranking de assessoria a fusões e aquisições este ano, com cinco negócios que totalizaram 10,2 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

Miras espera maior atividade especialmente no setor elétrico. Alessandro Zema, chefe da área de banco de investimento e presidente do Morgan Stanley no Brasil, também nota um aumento na concessão de mandatos por empresas privadas para fusões e aquisições, e acredita em mais negócios no varejo, depois das recentes aquisições da Netshoes e da varejista de eletroeletrônicos Via Varejo. "Segmentos da economia mais diretamente afetados pela recessão como o setor de consumo e varejo tiveram atividade de fusões e aquisições reduzida. Acreditamos que isto deve mudar daqui pra frente com as melhores perspectivas para a economia", disse Zema.

O executivo diz que algumas empresas brasileiras também estão procurando alvos para compra no exterior, como uma forma de balancear o risco de suas atividades, citando como exemplo a compra da Avon pela Natura.

Executivos também apontam os indícios de que start-ups brasileiras serão alvos mais frequentes de grandes investidores internacionais, como vem ocorrendo com o japonês Softbank.

Ações

Grande parte do crescimento do mercado de ações no primeiro semestre foi provocado por venda de ativos dos estatais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, que venderam suas participações na Petrobras na empresa de energia Neoenergia, respectivamente. A Caixa também vendeu sua participação de um fundo que gere no ressegurador IRB Brasil Resseguros.

Várias operações de venda de ações previstas para os próximos meses, que podem superar 30 bilhões de reais, também envolvem vendas de ativos pelo governo ou empresas estatais. A lista inclui ofertas de ações subsequentes (ou follow-ons) de Banco do Brasil, Alupar Investimento, BR Distribuidora e IRB, além da oferta inicial de ações (IPO) da Caixa Seguridade.

Apesar do alto volume de ofertas subsequentes, só duas empresas ousaram fazer IPOs este ano: a varejista de artigos esportivos Centauro e a Neoenergia.

"Os IPOs só devem voltar numa escala relevante quando os investidores estrangeiros retornarem massivamente ao Brasil", disse Cristiano Guimarães, diretor de banco de investimentos do Itaú BBA. "O retorno deles vai depender da aprovação de uma reforma de Previdência significativa."

O valor de fusões e aquisições no Brasil caiu 19% no primeiro semestre do ano em relação ao ano passado, para 20,8 bilhões de dólares, segundo dados da Refinitiv.

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