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Prêmio à transparência

Grande investidor começa a exigir correções, diz professor de ética de Harvard

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

O americano Joseph Badaracco é professor de ética em negócios da Escola de Administração de Harvard e co-autor do livro Leadership and the Quest for Integrity (Liderança e a Missão pela Integridade). Badaracco conversou com EXAME sobre a crise de confiança por que passa o mundo corporativo americano.

Como se explica essa montanha de escândalos corporativos?

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Tudo começou com uma crise extremamente séria, a princípio invisível, pela qual algumas empresas, como a Enron e a WorldCom, começaram a passar nos últimos dois ou três anos. A certa altura, os altos executivos dessas empresas concluíram que jamais seriam capazes de produzir ganhos compatíveis com os preços que as ações então alcançavam no mercado. Eles poderiam dizer a verdade ao mercado e o preço das ações de suas empresas cairia dramaticamente, ou poderiam fazer o que fizeram, começar a maquiar balanços. É preciso notar que isso aconteceu porque as empresas e seus empregados estavam sob a pressão descomunal do mercado.

São algumas maçãs podres ou toda uma safra de empresas corrompidas?

Acredito que houve maçãs podres e houve ainda algumas maçãs boas que acabaram se rompendo sob o efeito da extrema pressão do mercado. Essas pessoas eram boas criaturas, que acabaram falhando quando expostas à pressão. Nessa categoria eu incluiria, por exemplo, Ken Lay, o ex-dirigente da Enron. Não o conheço pessoalmente, mas pelo que li a respeito parece tratar-se de um profissional sério, que acabou fechando os olhos a procedimentos duvidosos. De qualquer maneira, não creio que esse seja um fenômeno geral. Não acredito que nosso sistema seja corrupto. Temos alguns problemas que precisam ser resolvidos, mas tenho certeza de que a vasta maioria dos nossos executivos não trapaceia. Existem fraquezas intrínsecas ao sistema que precisam ser corrigidas. Tais fraquezas tornaram-se quase institucionais para o mercado.

Que leis você recomendaria para corrigir o mercado?

De fato precisamos de penas mais duras e regras mais claras para o mercado de ações. Mas acho que a força mais poderosa em ação no mercado é o grande investidor, aquele que vem a público para cobrar mais transparência e precisão no balanço das empresas em que aplica o seu dinheiro. É ele que passará a exigir mais das empresas. Na minha opinião, haverá um prêmio para as empresas que se revelarem blue chips em transparência e limpeza em seus balanços e, por outro lado, um desconto para as que não procederem bem. Há três meses, por exemplo, um grande investidor chamado Bill Gross disse acreditar que os relatórios financeiros da GE não eram precisos o bastante. Imediatamente, as ações da GE caíram 15%. A resposta da empresa não poderia ter sido mais positiva, dizendo que a partir de então passaria a produzir relatórios mais detalhados e reveladores.

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