Economia

Preço das ações da Multiplus fica em 16 reais, abaixo do esperado

Mau humor do mercado atrapalha abertura de capital da gestora de programas de fidelidade da TAM

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2010 às 14h20.

A abertura de capital da Multiplus, a gestora de programas de fidelidade da TAM, renderá menos recursos que o inicialmente esperado pelos seus coordenadores, os bancos BTG Pactual e Credit Suisse. Após a fase de bookbuilding, o preço de venda dos papéis foi fixado em 16 reais por ação. O valor ficou abaixo da faixa de 18 a 24 reais, estimada pelos bancos no prospecto preliminar da oferta. Com isso, a distribuição dos 39,4 milhões de ações ordinária (com direito a voto) totalizará 629,4 milhões de reais. O montante não considera a possível oferta de lotes adicionais de ações.

A companhia é a segunda, neste ano, a ver o mercado oferecer menos do que o esperado por seus papéis em uma abertura de capital. No final de janeiro, a administradora de shopping centers Alliansce precisou reduzir o preço de suas ações para 9 reais, a fim de concluir seu IPO. A faixa pretendida pela companhia era de 10 a 11 reais por papel.

O que vem atrapalhando as emissões, segundo os especialistas, é o mau humor do mercado. O ano começou com cores promissoras. O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, registrou altas expressivas na primeira quinzena de janeiro, a ponto de os analistas apostarem que quebraria seu recorde em pontos ainda no mês passado. Mas o ânimo esfriou com as notícias externas. A China anunciou uma série de medidas para conter o crédito, preocupada com uma aceleração da economia que desembocasse em inflação. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama propôs restrições à atuação dos bancos. Já na Europa, a Grécia causou preocupação mundial com a possibilidade de que deixasse de pagar suas dívidas.


Fuga dos estrangeiros

O reflexo mais palpável das recentes turbulências sobre os IPOs em curso é a maior resistência dos estrangeiros em participar. Somente em janeiro, esses investidores retiraram 2 bilhões de reais da bolsa brasileira. A fuga levou o Ibovespa a acumular uma queda de mais de 4% no mês. Trata-se da primeira vez, desde junho de 2009. “O momento é desfavorável para abrir capital, porque os estrangeiros estão saindo da bolsa”, afirma um analista de mercado que pediu para não ser identificado. Historicamente, o capital externo tem um peso muito grande nas aberturas de capital de companhias brasileiras – sempre com participação acima de 60%.

Com o aumento da aversão desses investidores ao risco, fica mais difícil convencê-los a comprar papéis de estreantes na Bovespa. Mas mesmo companhias já listadas em níveis avançados de governança corporativa sofrem as conseqüências da volatilidade mundial. No mês passado, a Metalfrio, fabricante de equipamentos de refrigeração, desistiu de lançar 17 milhões de ações devido à deterioração do mercado. A empresa é listada no Novo Mercado da Bovespa desde 2007.

As ações da Multiplus começarão a ser negociadas no pregão da bolsa nesta sexta-feira (5/2). Seu tíquete será MPLU3. A TAM também sentirá os impactos do menor apetite dos investidores. O prospecto afirma que 94% dos recursos obtidos na emissão serão transferidos para a TAM, como pagamento pela compra de passagens e pontos. O dinheiro serviria para a TAM aliviar sua situação de caixa. Além disso, a companhia aérea tenta comprar uma parte da LAN Chile – e o dinheiro poderia ajudar no negócio.

O azedume dos investidores prossegue nesta quinta-feira (4/2). Por volta das, 15h10, as ações preferenciais da TAM (TAMM4, sem direito a voto) apresentavam forte queda de 5,66%, cotadas a 33,35 reais. Até aquele momento, os papéis haviam motivado 2.095 negócios. No mesmo instante, o Ibovespa despencava 3,55%, aos 64.725 pontos.


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