Portugal, que era mais pobre, agora deixa drama para Grécia
Quando a Alemanha busca “provas” de que o Euro tem a estratégia certa para lidar com a crise, ela aponta para Portugal, que foi resgatado e está se recuperando
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2015 às 16h28.
Quando o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble busca “provas” de que a zona do euro tem a estratégia certa para lidar com a crise da dívida, ele aponta para Portugal : o país resgatado está tomando o remédio e se recuperando.
Os políticos gregos podem dizer que nem sempre os parabéns dos alemães refletem o apoio em casa quando o país está apertado pela austeridade.
Mas em Portugal, há relutância em fazer ondas no momento em que os eleitores darão nas urnas o veredito sobre como o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho administrou um programa de resgate que está começando a render frutos, embora a dívida continue alta.
“Os portugueses são mais resignados, mas também mais resilientes”, disse Paulo Sande, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa. “Isso tem mais a ver com as pessoas do que com o sistema político. Portugal observou as regras do jogo”.
A política na zona do euro de repente parece menos perturbadora.
Duas semanas após a Grécia reeleger uma liderança que primeiro se opôs aos cortes de gastos e depois capitulou, a eleição de domingo em Portugal parece ainda mais moderada. Uma pesquisa da Bloomberg com investidores sugere que o mercado de bonds mal vai se mover, independentemente de quem ganhar, depois de vir se recuperando nos dois últimos anos.
Sobreviventes
A coalizão de Coelho é a primeira a sobreviver um mandato completo em Portugal desde o fim da ditadura do Estado Novo em 1974.
Embora o comparecimento possa ser um dos mais baixos desde então, as pesquisas de opinião mostram que os eleitores estão dispostos a continuar com o governo que impôs cortes e aumentos de impostos a um país que, até o ano passado, era mais pobre do que a Grécia, de acordo com os dados de produção econômica por pessoa compilados pela Eurostat.
Os social-democratas e o aliado do governo, o partido CDS, agora enfrentam os socialistas na eleição de domingo e ambos os lados prometem continuar cortando a dívida, que é de chorar porque o país se empanturrou de financiamento mais barato depois de ter entrado na zona do euro. A Comissão Europeia estima que a dívida neste ano será de mais de 120 por cento da economia, que agora pelo menos está crescendo a um ritmo de 1,6 por cento ao ano desde que saiu da recessão em 2013.
O desemprego é de cerca de 13 por cento, mais do que a média da zona do euro, porém menos que os 22 por cento da vizinha Espanha.
Coelho, 51, pretende aumentar as exportações para que elas sejam equivalentes a mais da metade da economia até 2020, em contraste com os 40 por cento de agora, e reduzir ainda mais o déficit orçamentário.
O líder socialista António Costa, 54, quer reforçar a renda familiar e reduzir o déficit a um ritmo mais lento, mas não pretende seguir a abordagem confrontadora do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Fazer sacrifícios
A mensagem de Coelho é que o trabalho pesado já foi feito. “Os sacrifícios não foram em vão”, disse ele em um comício na segunda-feira, em Bombarral, zona norte de Lisboa, enquanto bandeiras portuguesas verdes e vermelhas e cartazes da coalizão se agitavam.
Isso está funcionando bem nas pesquisas. A coalizão social-democrata estava à frente dos socialistas por pelo menos quatro pontos porcentuais durante os últimos sete dias.
A pesquisa mais recente da Universidade Católica colocou a diferença em 38 por cento a 32 por cento.
Os bonds portugueses com vencimento em 10 anos têm um yield de 2,36 por cento, depois de terem chegado a 1,509 por cento no dia 12 de março, o valor mais baixo desde que a Bloomberg começou a coletar dados em 1997.
O yield depois chegou a subir para 3,39 por cento em junho, quando a Grécia entrou em confronto com os credores, antes de cair um ponto porcentual antes da eleição de domingo.
“Não acho que os portugueses irão votar de acordo com promessas nem listas de desejo”, disse o ministro da Economia, António Pires de Lima, do CDS, parceiro menor da coalizão, em uma entrevista no dia 14 de agosto.
“Este governo provou que colocou o país no bom caminho e, no final haverá certo reconhecimento do povo português a esse fato”.
Quando o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble busca “provas” de que a zona do euro tem a estratégia certa para lidar com a crise da dívida, ele aponta para Portugal : o país resgatado está tomando o remédio e se recuperando.
Os políticos gregos podem dizer que nem sempre os parabéns dos alemães refletem o apoio em casa quando o país está apertado pela austeridade.
Mas em Portugal, há relutância em fazer ondas no momento em que os eleitores darão nas urnas o veredito sobre como o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho administrou um programa de resgate que está começando a render frutos, embora a dívida continue alta.
“Os portugueses são mais resignados, mas também mais resilientes”, disse Paulo Sande, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa. “Isso tem mais a ver com as pessoas do que com o sistema político. Portugal observou as regras do jogo”.
A política na zona do euro de repente parece menos perturbadora.
Duas semanas após a Grécia reeleger uma liderança que primeiro se opôs aos cortes de gastos e depois capitulou, a eleição de domingo em Portugal parece ainda mais moderada. Uma pesquisa da Bloomberg com investidores sugere que o mercado de bonds mal vai se mover, independentemente de quem ganhar, depois de vir se recuperando nos dois últimos anos.
Sobreviventes
A coalizão de Coelho é a primeira a sobreviver um mandato completo em Portugal desde o fim da ditadura do Estado Novo em 1974.
Embora o comparecimento possa ser um dos mais baixos desde então, as pesquisas de opinião mostram que os eleitores estão dispostos a continuar com o governo que impôs cortes e aumentos de impostos a um país que, até o ano passado, era mais pobre do que a Grécia, de acordo com os dados de produção econômica por pessoa compilados pela Eurostat.
Os social-democratas e o aliado do governo, o partido CDS, agora enfrentam os socialistas na eleição de domingo e ambos os lados prometem continuar cortando a dívida, que é de chorar porque o país se empanturrou de financiamento mais barato depois de ter entrado na zona do euro. A Comissão Europeia estima que a dívida neste ano será de mais de 120 por cento da economia, que agora pelo menos está crescendo a um ritmo de 1,6 por cento ao ano desde que saiu da recessão em 2013.
O desemprego é de cerca de 13 por cento, mais do que a média da zona do euro, porém menos que os 22 por cento da vizinha Espanha.
Coelho, 51, pretende aumentar as exportações para que elas sejam equivalentes a mais da metade da economia até 2020, em contraste com os 40 por cento de agora, e reduzir ainda mais o déficit orçamentário.
O líder socialista António Costa, 54, quer reforçar a renda familiar e reduzir o déficit a um ritmo mais lento, mas não pretende seguir a abordagem confrontadora do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Fazer sacrifícios
A mensagem de Coelho é que o trabalho pesado já foi feito. “Os sacrifícios não foram em vão”, disse ele em um comício na segunda-feira, em Bombarral, zona norte de Lisboa, enquanto bandeiras portuguesas verdes e vermelhas e cartazes da coalizão se agitavam.
Isso está funcionando bem nas pesquisas. A coalizão social-democrata estava à frente dos socialistas por pelo menos quatro pontos porcentuais durante os últimos sete dias.
A pesquisa mais recente da Universidade Católica colocou a diferença em 38 por cento a 32 por cento.
Os bonds portugueses com vencimento em 10 anos têm um yield de 2,36 por cento, depois de terem chegado a 1,509 por cento no dia 12 de março, o valor mais baixo desde que a Bloomberg começou a coletar dados em 1997.
O yield depois chegou a subir para 3,39 por cento em junho, quando a Grécia entrou em confronto com os credores, antes de cair um ponto porcentual antes da eleição de domingo.
“Não acho que os portugueses irão votar de acordo com promessas nem listas de desejo”, disse o ministro da Economia, António Pires de Lima, do CDS, parceiro menor da coalizão, em uma entrevista no dia 14 de agosto.
“Este governo provou que colocou o país no bom caminho e, no final haverá certo reconhecimento do povo português a esse fato”.