Os mercados amam Narendra Modi, o novo líder indiano
A vitória arrasadora de Narendra Modi anima o mercado com a expectativa de reformas e aceleração do crescimento, mas seu currículo não é livre de manchas
João Pedro Caleiro
Publicado em 22 de maio de 2014 às 11h32.
São Paulo - Não é nada fácil organizar uma eleição em um país com mais de 1 bilhão de pessoas, mas a Índia conseguiu.
A votação durou cinco semanas e a contagem ainda não acabou, mas já é possível concluir que Narendra Modi , de 63 anos, será o novo primeiro-ministro do país.
Seu partido, o nacionalista hinduísta Bharatiya Janata Party (BJP), deve superar com folga as 272 cadeiras necessárias para obter maioria no Parlamento.
É a maior vitória de qualquer partido no país nos últimos 30 anos e um duro golpe para a família Gandhi, que domina a política indiana desde a independência em 1947.
Os mercados financeiros reagiram com euforia: nos primeiros momentos após o anúncio, a bolsa indiana subiu 6% e atingiu o maior nível da sua história, enquanto a rúpia teve sua maior forte cotação em relação ao dólar dos últimos 11 meses.
E o otimismo não é de hoje. Nos últimos 6 meses, os investidores despejaram US$ 16 bilhões em ações e títulos indianos, apostando na vitória de Modi.
Expectativa
A esperança dos investidores é a mesma dos votantes: a de que Modi será capaz de injetar novo ânimo na economia indiana.
Depois de atingir taxas entre 8% e 10% em meados da década passada, o crescimento do país caiu pela metade recentemente (4,7% em 2012 e 4,5% em 2013).
Parece até um bom número, mas não para a Índia, que precisa crescer 8% ao ano só para absorver os 1 milhão de habitantes que entram todo ano na força de trabalho. O país também tem uma das maiores taxas de inflação do mundo.
Com uma campanha cara e moderna, Modi conseguiu canalizar a frustração da população e prometeu construir dezenas de cidades, limpar o rio Ganges e inaugurar o primeiro trem-bala do país (a China é uma inspiração óbvia).
Currículo
Nos seus 12 anos como governador da província de Gujarat, ele ganhou a fama de um reformador pró-negócios capaz de diminuir a burocracia e atrair investimentos estrangeiros.
Seu bem-sucedido programa de eletrificação da província chamou a atenção em um país no qual um terço da população ainda não está ligada à rede. Gujarat cresceu a uma média de 16,6% por ano entre 2001 e 2010.
Seus críticos dizem que a província já vinha em uma trajetória ascendente mesmo antes da chegada de Modi ao governo e que outras regiões do país tiveram performances ainda melhores sem atrair uma fração da mesma euforia. Eles também apontam que os resultados sociais não acompanharam o ritmo das melhoras econômicas.
A maior preocupação, no entanto, é com o histórico de intolerância de Modi e seu partido. Ele já era governador quando tensões étnicas em Gujarat culminaram na morte de mais de mil indianos, na sua maioria muçulmanos, em 2002.
A polícia foi acusada de não controlar a revolta e alguns anos depois, os Estados Unidos chegaram a negar o visto para Modi. A Suprema Corte do país o eximiu de qualquer responsabilidade, mas o episódio continua sendo uma mancha no seu currículo e na história do país.
São Paulo - Não é nada fácil organizar uma eleição em um país com mais de 1 bilhão de pessoas, mas a Índia conseguiu.
A votação durou cinco semanas e a contagem ainda não acabou, mas já é possível concluir que Narendra Modi , de 63 anos, será o novo primeiro-ministro do país.
Seu partido, o nacionalista hinduísta Bharatiya Janata Party (BJP), deve superar com folga as 272 cadeiras necessárias para obter maioria no Parlamento.
É a maior vitória de qualquer partido no país nos últimos 30 anos e um duro golpe para a família Gandhi, que domina a política indiana desde a independência em 1947.
Os mercados financeiros reagiram com euforia: nos primeiros momentos após o anúncio, a bolsa indiana subiu 6% e atingiu o maior nível da sua história, enquanto a rúpia teve sua maior forte cotação em relação ao dólar dos últimos 11 meses.
E o otimismo não é de hoje. Nos últimos 6 meses, os investidores despejaram US$ 16 bilhões em ações e títulos indianos, apostando na vitória de Modi.
Expectativa
A esperança dos investidores é a mesma dos votantes: a de que Modi será capaz de injetar novo ânimo na economia indiana.
Depois de atingir taxas entre 8% e 10% em meados da década passada, o crescimento do país caiu pela metade recentemente (4,7% em 2012 e 4,5% em 2013).
Parece até um bom número, mas não para a Índia, que precisa crescer 8% ao ano só para absorver os 1 milhão de habitantes que entram todo ano na força de trabalho. O país também tem uma das maiores taxas de inflação do mundo.
Com uma campanha cara e moderna, Modi conseguiu canalizar a frustração da população e prometeu construir dezenas de cidades, limpar o rio Ganges e inaugurar o primeiro trem-bala do país (a China é uma inspiração óbvia).
Currículo
Nos seus 12 anos como governador da província de Gujarat, ele ganhou a fama de um reformador pró-negócios capaz de diminuir a burocracia e atrair investimentos estrangeiros.
Seu bem-sucedido programa de eletrificação da província chamou a atenção em um país no qual um terço da população ainda não está ligada à rede. Gujarat cresceu a uma média de 16,6% por ano entre 2001 e 2010.
Seus críticos dizem que a província já vinha em uma trajetória ascendente mesmo antes da chegada de Modi ao governo e que outras regiões do país tiveram performances ainda melhores sem atrair uma fração da mesma euforia. Eles também apontam que os resultados sociais não acompanharam o ritmo das melhoras econômicas.
A maior preocupação, no entanto, é com o histórico de intolerância de Modi e seu partido. Ele já era governador quando tensões étnicas em Gujarat culminaram na morte de mais de mil indianos, na sua maioria muçulmanos, em 2002.
A polícia foi acusada de não controlar a revolta e alguns anos depois, os Estados Unidos chegaram a negar o visto para Modi. A Suprema Corte do país o eximiu de qualquer responsabilidade, mas o episódio continua sendo uma mancha no seu currículo e na história do país.