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Por que o "investimento estrangeiro direto" não merece esse nome

"A mensagem para pesquisadores é clara: o IED medido não é IED inteiramente verdadeiro", diz o ex-economista-chefe do FMI

"A mensagem para pesquisadores é clara: o IED medido não é IED inteiramente verdadeiro" (foto/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 13h03.

São Paulo - O chamado "investimento estrangeiro direto" (IED) costuma ser citado como o "bom investimento": de longo prazo, "tijolo e cimento" e que realmente adiciona capacidade produtiva na economia.

Ele seria, em teoria, o equivalente positivo dos fluxos especulativos de curto prazo - mas talvez eles não sejam tão diferentes assim.

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É o que dizem Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) no auge da crise financeira, e Julien Acalin, pesquisador do Peterson Institute for International Economics, para onde o estudo foi feito.

A dupla aponta que os fluxos trimestrais de IED para dentro e para fora de um país são quase sempre muito parecidos - e não faz muito sentido imaginar que um país fica mais atrativo para estrangeiros e ao mesmo tempo fica mais disposto a investir lá fora.

Outro sinal é que os fluxos de IED para emergentes costumam subir quando a taxa de juros é cortada nos Estados Unidos e cair quando ela é elevada - quando seria de se esperar que a volatilidade não fosse tão alta no curto prazo.

"Essa elasticidade negativa em resposta à taxa dentro de um trimestre não encaixa com a imagem do IED como decisões de 'tijolo e cimento', sugerindo que os fluxos de IED são mais parecidos com fluxos de portfólio", diz o texto.

As conclusões foram tiradas a partir de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) com 25 países emergentes, incluindo o Brasil, no período entre 1990 e 2015.

Algumas hipóteses são de que isso estaria relacionado com o equilíbrio do mercado de moeda estrangeira no longo prazo ou com mecanismos pelos quais uma empresa se protege de investir em um país reinvestido fundos em casa.

Mas a dupla sugere que a resposta mais provável seja que os fluxos não têm como objetivo final o país onde entram, e estão apenas passando através deles por causa de condições favoráveis de taxação.

Uma pista para isso é a Hungria, que tem uma das mais altas correlações entre os fluxos para dentro e para fora.

Não por acaso, o país tem um tratado bilateral de taxação com os Estados Unidos, e um dos poucos que também podem ser usufruídos por residentes de um terceiro país.

Algumas tentativas já foram feitas para corrigir o problema, como medir o fluxo dentro das empresas ou identificar subsidiárias que exercem atividade econômica real. Todas reduzem mas não eliminam as distorções.

"A mensagem para pesquisadores é clara: o IED medido não é IED inteiramente verdadeiro", diz o texto.

 

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