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Por que a recessão americana aumentou a produtividade?

Estudo publicado por economistas aponta que durante períodos de contração econômica, trabalhadores "fazem mais com menos"

Trabalhadores fazem casacos em fábrica em Brisbane, na Califórnia, Estados Unidos (David Paul Morris/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de agosto de 2013 às 18h29.

São Paulo - Durante uma recessão, quase todos os índices econômicos entram em declínio: emprego, renda, arrecadação do governo e muitos outros. Curiosamente, no entanto, contrações do PIB (Produto Interno Bruto) também podem trazer melhora em outro número importante: o da produtividade (produto econômico gerado por cada hora de trabalho)

Foi o que aconteceu nos Estados Unidos após a crise financeira. Houve queda de 7,16% no produto agregado, mas a queda de 10,01% nas horas trabalhadas foi ainda maior, o que aumentou a proporção de produto gerado por hora.

Do último trimestre de 2007, quando a recessão começou, até o terceiro trimestre de 2009, quando ela acabou, a produtividade do trabalho nos Estados Unidos cresceu 3,16% em setores não-agrícolas. O crescimento de 3,2% na produtividade em 2009 foi o maior desde 2003.

Explicação

Os economistas Edward P. Lazear e Kathryn L. Shaw, da Universidade de Stanford, e Christopher Stanton, da Universidade de Utah, se reuniram para estudar o assunto. Eles analisaram dados compilados entre 2006 e 2010 de uma grande empresa de serviços que mede diariamente a produtividade de cada um dos seus 20 mil empregados.

Em um trabalho publicado recentemente, eles apresentam duas hipóteses para explicar o fenômeno do aumento de produtividade. A primeira é que quando a recessão bateu e os empregadores se viram obrigados a demitir alguém, escolheram os trabalhadores menos produtivos. A recessão causaria, portanto, uma mudança (para melhor) na qualidade da força de trabalho.

Esse efeito foi verificado, mas é mínimo. A explicação mais importante é outra: o que eles chamam de "fazer mais com menos". Durante recessões, diminui a demanda geral por trabalho na economia e os salários caem. Isso faz com que as alternativas ao emprego atual do trabalhador sejam menos frequentes e menos atrativas.

E os trabalhadores sabem que quanto piores suas alternativas ao trabalho atual, mais importante é que se dediquem a ele. Também sabem que a recessão prejudica mais quem tem menos habilidades. Nesse contexto, manter o emprego se torna mais importante, o que gera um aumento no esforço dedicado a ele. Isso também explica porque as empresas não podem simplesmente pressionar os trabalhadores para aumentarem sua produtividade da mesma forma em períodos de crescimento normal.

É importante notar que o estudo aborda apenas uma empresa no mercado de trabalho americano, conhecido por sua flexibilidade. Muitas perguntas ainda precisam ser respondidas: entre elas, porque a recessão não causou um mesmo aumento de produtividade em países como o Reino Unido, por exemplo.

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São Paulo - Durante uma recessão, quase todos os índices econômicos entram em declínio: emprego, renda, arrecadação do governo e muitos outros. Curiosamente, no entanto, contrações do PIB (Produto Interno Bruto) também podem trazer melhora em outro número importante: o da produtividade (produto econômico gerado por cada hora de trabalho)

Foi o que aconteceu nos Estados Unidos após a crise financeira. Houve queda de 7,16% no produto agregado, mas a queda de 10,01% nas horas trabalhadas foi ainda maior, o que aumentou a proporção de produto gerado por hora.

Do último trimestre de 2007, quando a recessão começou, até o terceiro trimestre de 2009, quando ela acabou, a produtividade do trabalho nos Estados Unidos cresceu 3,16% em setores não-agrícolas. O crescimento de 3,2% na produtividade em 2009 foi o maior desde 2003.

Explicação

Os economistas Edward P. Lazear e Kathryn L. Shaw, da Universidade de Stanford, e Christopher Stanton, da Universidade de Utah, se reuniram para estudar o assunto. Eles analisaram dados compilados entre 2006 e 2010 de uma grande empresa de serviços que mede diariamente a produtividade de cada um dos seus 20 mil empregados.

Em um trabalho publicado recentemente, eles apresentam duas hipóteses para explicar o fenômeno do aumento de produtividade. A primeira é que quando a recessão bateu e os empregadores se viram obrigados a demitir alguém, escolheram os trabalhadores menos produtivos. A recessão causaria, portanto, uma mudança (para melhor) na qualidade da força de trabalho.

Esse efeito foi verificado, mas é mínimo. A explicação mais importante é outra: o que eles chamam de "fazer mais com menos". Durante recessões, diminui a demanda geral por trabalho na economia e os salários caem. Isso faz com que as alternativas ao emprego atual do trabalhador sejam menos frequentes e menos atrativas.

E os trabalhadores sabem que quanto piores suas alternativas ao trabalho atual, mais importante é que se dediquem a ele. Também sabem que a recessão prejudica mais quem tem menos habilidades. Nesse contexto, manter o emprego se torna mais importante, o que gera um aumento no esforço dedicado a ele. Isso também explica porque as empresas não podem simplesmente pressionar os trabalhadores para aumentarem sua produtividade da mesma forma em períodos de crescimento normal.

É importante notar que o estudo aborda apenas uma empresa no mercado de trabalho americano, conhecido por sua flexibilidade. Muitas perguntas ainda precisam ser respondidas: entre elas, porque a recessão não causou um mesmo aumento de produtividade em países como o Reino Unido, por exemplo.

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