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“Podemos estar a caminho de outra grande crise financeira”, diz Soros

Soros, que vem sendo alvo da ira do governo de seu país natal, a Hungria, reservou a perspectiva mais pessimista para a UE

O bilionário George Soros, fundador do Soros Fund Management LLC (Jason Alden/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de junho de 2018 às 08h00.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 08h00.

A valorização do dólar e a fuga de capital dos mercados emergentes pode levar a outra “grande” crise financeira, disse o investidor George Soros , alertando que a União Europeia enfrenta uma iminente ameaça existencial.

A “rescisão” do acordo nuclear com o Irã e a “destruição” da aliança transatlântica entre UE e EUA “deverão provocar um efeito negativo sobre a economia europeia e provocar outros deslocamentos”, incluindo a desvalorização das moedas dos mercados emergentes, disse Soros, em discurso, em Paris, nesta terça-feira. “Podemos estar a caminho de outra grande crise financeira.”

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O alerta sombrio do bilionário gestor de recursos surge em um momento em que os rendimentos dos títulos italianos atingem os maiores níveis em vários anos e em que economias emergentes como Turquia e Argentina têm dificuldades para conter as consequências da inflação galopante.

Soros, que vem sendo alvo da ira do governo de seu país natal, a Hungria, reservou a perspectiva mais pessimista para a UE.

“Tudo o que poderia dar errado deu errado”, disse, citando a crise dos refugiados e as políticas de austeridade que lançaram populistas ao poder, além da “desintegração territorial” exemplificada pelo Brexit.

“Deixou de ser forma de expressão afirmar que a Europa está sob perigo existencial; é a dura realidade”, disse.

O remédio proposto por Soros para alguns dos males enfrentados pela Europa é um Plano Marshall financiado pela UE para a África, de cerca de 30 bilhões de euros (US$ 35 bilhões) por ano, que reduziria as pressões migratórias para o continente.

Ele propôs também uma transformação radical da UE, incluindo o abandono da cláusula que força os estados-membros a aderirem à moeda única.

“O euro tem muitos problemas não resolvidos e não se pode permitir que eles destruam a União Europeia”, disse.

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