Plano Real, 30 anos: dinheiro ainda é base de transações, mas 41% dos brasileiros preferem Pix
Segundo dados do BC, Pix é o meio de pagamento preferncial de 41% dos brasilerios, ao passo que o dinheiro, 38%. Completam a lista o cartão de débito, com 13%, e o cartão de crédito, com 5%
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 20 de junho de 2024 às 08h00.
Última atualização em 20 de junho de 2024 às 08h13.
Durante a pandemia, o volume de dinheiro em circulação cresceu 30%, afirmou a diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central (BC), Carolina de Assis Barros. Em entrevista exclusiva à EXAME. Atualmente, esse nível é 20% superior ao do período da crise sanitária. Na prática, mais cédulas são usadas no Brasil.
“A relação do brasileiro com o dinheiro é bastante forte. O brasileiro tem hábitos heterogêneos, temos um país continental. O brasileiro não gosta muito de usar moedas e isso é um desafio para combater indisponibilidades momentâneas de troco”, disse.
Em pesquisa recente realizada pelo BC, segundo Carolina, 64% da amostra respondeu que recebe os salários em conta e outros 34% em dinheiro, número considerado expressivo pela diretora da autoridade monetária.
“Também perguntamos o meio de pagamento mais utilizado. Os quatro meios de pagamento que surgiram, totalizando 97% do uso dos meios são o Pix, o dinheiro, o cartão de débito e o cartão de crédito. O Pix é a preferência de 41%, ao passo que o dinheiro, 38%. O cartão de débito, 13%, e o de crédito, 5%”, afirmou.
No Nordeste, dinheiro ainda é preferência
Entre as regiões do país, 50% dos entrevistados no Nordeste afirmaram que preferem usar o dinheiro como meio de pagamento e 38%, o Pix.
“O dinheiro ainda é base da economia, mas a gente vê que os meios de pagamento digitais vêm crescendo em termos de uso, notadamente o uso do Pix. Mas a gente tem desafios para que esse uso seja amplificado”, disse.
Segundo ela, três desafios são significativos. O primeiro tem relação com a bancarização. O segundo está relacionado ao nível de informalidade da economia. E o terceiro é um desafio tecnológico, em que é necessário oferecer conectividade em todas as regiões do país e acesso aos smartphones.
“O BC é observador de tudo que está acontecendo e nós servidores somos privilegiados em poder assistir isso de perto. Eu acredito, primeiro, que o dinheiro não deve ser erradicado completamente. E é bem provável que os meios de pagamento digitais sigam crescendo. A proposta do Drex gera mais opções aos usuários. Ela pretende reduzir custos de intermediação, faz uso de tokenização. É mais uma etapa nesse processo da gente evoluir o sistema financeiro, lembrando que ele é cada vez mais digital, mais disruptivo e mais inovador”, disse.