PIB fraco no 4º tri afeta retomada em 2017, dizem especialistas
De acordo com especialistas consultados pela Reuters, a herança de 2016 para o desempenho deste ano é negativa em 1,1 por cento
Reuters
Publicado em 7 de março de 2017 às 11h48.
São Paulo - O desempenho pior do que o esperado da economia brasileira no quatro trimestre do ano passado deve fazer com que as projeções de crescimento para 2017 sejam reduzidas por causa do chamado carregamento estatístico, segundo especialistas consultados pela Reuters.
A herança de 2016 para o desempenho deste ano é negativa em 1,1 por cento, sobre cerca de 0,8 por cento calculado por alguns até então.
Ou seja, para que oficialmente o país tenha estagnação neste ano, é preciso que na prática a economia tenha de crescer 1,1 por cento.
"O efeito carregamento piora bem, tínhamos -0,8 por cento e agora é de -1,1 por cento, o que impõe viés de baixa para a nossa projeção de crescimento de 0,7 por cento este ano", afirmou a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro. "À luz desse carregamento, fica bem difícil e nossa projeção deve ir abaixo de 0,5 por cento", acrescentou.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,9 por cento no quarto trimestre sobre os três meses anteriores, oitavo trimestre seguido de perdas e pior do que a projeção de queda de 0,6 por cento em pesquisa Reuters com economistas. No terceiro trimestre, com a mesma base de comparação, a queda havia sido de 0,7 por cento.
O resultado do trimestre passado deve reforçar as projeções mais pessimistas para economia brasileira, com crescimento econômico mais próximo de zero do que de 1 por cento.
"Para 2017, esperamos crescimento zero, ou um pouquinho acima disso. Neste ano, não vai ter grande recuperação, vai ficar para 2018", afirmou o economista-chefe do Banco J.Safra,Carlos Kawall, que vê expansão de 2,5 por cento no próximo ano.
Antes da divulgação do resultado do PIB de 2016, bancos e consultorias começaram a traçar cenário mais otimista para a economia brasileira em 2017 diante do quadro de menor inflação, o que permite ao Banco Central acelerar o ritmo de corte de juros e, consequentemente, estimular a economia brasileira.
Na projeção do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, no entanto, os números divulgados mais cedo também colocaram viés de baixa no seu cenário de crescimento zero neste ano.
O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), já tinha cenário mais pessimista e previa queda de 0,9 por cento do PIB nos últimos três meses de 2016.
O Ibre manteve a projeção de avanço de 0,4 por cento para o PIB deste ano. "A recessão é longa e disseminada. Será uma recuperação lenta e gradual", afirmou a pesquisadora do Ibre/FGV, Silvia Matos.
A pesquisa Focus mais recente mostrava que, pela mediana das projeções, a expectativa era de que o PIB cresça 0,49 por cento neste ano e 2,39 por cento em 2018.