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Da Redação
Publicado em 9 de março de 2009 às 18h24.
Mesmo com o otimismo demonstrado pelo presidente Lula em relação ao desempenho do Brasil diante da crise internacional, a economia doméstica recuou 3,3% no quarto trimestre, segundo projeções do Banc of America Securities/Merrill Lynch Research. O IBGE anuncio resultado da economia entre outubro e dezembro nesta terça-feira.
Para os analistas da Merrill Lynch, o forte declínio do PIB em comparação ao terceiro trimestre dá mais espaço ao Banco Central para flexibilização monetária.
"A combinação de uma atividade doméstica mais fraca e uma inflação bem comportada deve induzir o Copom a deliberar por outro corte de 100 pontos-base" na taxa Selic na reunião que termina nesta quarta-feira, afirmaram.
Se a expectativa se confirmar, a taxa Selic cairia para 11,75% ao ano. Já há diversos bancos e corretoras, no entanto, que prevêem uma admitem uma queda de 1,5 ponto nesta quarta-feira, como o Barclays, o Fibra e a Ativa. Para o final do ano, a maioria das projeções aponta para uma Selic entre 9,5% e 10,5% ao ano.
Devido à velocidade da desaceleração econômica, todo o corte seria feito até julho. O afrouxamento da política monetária não deve continuar no segundo semestre, já que as autoridades já teriam calibrado sua taxa básica de juro para atingir uma recuperação das condições de demanda nos próximos 12 a 18 meses.
Perspectivas econômicas
Apesar da queda de mais de 17% na produção industrial em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, a Merrill Lynch ainda prevê que haverá crescimento econômico no Brasil neste ano.
"Pesquisas desde a última reunião [do Copom] confirmaram nossa expectativa de uma desanimadora virada de ano para a economia brasileira e empurrou o consenso de projeções de crescimento para 2009 em 50 pontos base para baixo, a 1,5%", reforçou.
O segmento que traz maior pessimismo é o cenário de trabalho brasileiro, que perdeu 750 mil empregos formais somente em dezembro e janeiro. Tal fator, somado a restrições de crédito, deve continuar a pesar sobre a demanda doméstica nos próximos meses.
"Com todos os fatores considerados, acreditamos que o colegiado [do BC] tem um grande espaço para cortar o juro agressivamente nas próximas reuniões", disseram os analistas.