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PIB apresenta o maior crescimento desde 1994

O aumento de 5,2% obtido em 2004 foi bem recebido pelo mercado, mas a forte desaceleração da economia no último trimestre gera dúvidas sobre a continuidade da expansão

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

Desde a estabilização da economia e a criação do real em 1994, a economia brasileira não crescia tanto. Em 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 5,2%. É a melhor marca desde 1994, quando a economia cresceu 5,9% (se você é assinante, leia ainda reportagem de EXAME sobre o que falta para sustentar o crescimento do país).

A indústria foi o setor que mais contribuiu para o resultado, com uma expansão de 6,2%, à frente da agropecuária (5,3%) e dos serviços (3,7%). Entre as atividades que se destacaram, estão a indústria de transformação, cujo incremento foi de 7,7%, e a da construção civil, com alta de 5,7%. Para os analistas, a retomada da construção é um dado importante, já que reflete não só a volta dos investimentos em obras pesadas, mas também a recuperação da renda familiar.

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"Cerca de dois terços da construção é representado pelo consumo das famílias, que efetuam pequenas reformas e ampliações em suas residências quando todas as outras necessidades já estão satisfeitas", afirma Alex Agostini, economista da GRC Visão, uma parceria entre a Global Invest e a RC Consultores. Por isso, a construção é um dos primeiros setores a sentir quando a economia pára e um dos últimos a responder à recuperação econômica.

Dúvidas com o futuro

O bom resultado, porém, não elimina as dúvidas sobre a continuidade do crescimento em 2005. O que mais preocupa o mercado é a forte desaceleração verificada no quarto trimestre, quando o PIB subiu apenas 0,4% sobre o terceiro trimestre. Na média, o mercado esperava um avanço de 1,2%. Na comparação com o último trimestre de 2003, o PIB cresceu 4,9%, contra as projeções de 5,2%.

Ninguém espera que 2005 repita o forte crescimento do ano passado. Segundo o Relatório de Mercado do Banco Central, as instituições financeiras projetam uma alta de 3,7% para o PIB neste ano. Mas a intensidade da freada, nos últimos meses de 2004, já desperta dúvidas se essa estimativa será alcançada. De acordo com o Credit Suisse First Boston (CSFB), se anualizado, o resultado do quarto trimestre indica uma taxa de 1,6% para os próximos 12 meses. "Esse resultado está bem abaixo do que avaliamos ser o ritmo de crescimento potencial do país", afirma um relatório do CSFB.

Para o banco, os números dos últimos três meses de 2004 confirmam que o país está perdendo o fôlego. "Uma análise de longo prazo sugere que o Brasil ainda se caracteriza por um padrão de crescimento de stop-and-go. Ou, para ser mais preciso, ainda é cedo para afirmar que este padrão foi quebrado", diz Mário Mesquita, economista-chefe do ABN Amro Real.

"Os números mostram que o nível de investimento ainda é insuficiente para sustentar um crescimento de 3,5% neste ano", diz Agostini, da GRC Visão. O analista afirma, porém, que ainda é cedo para visões alarmistas.

PIB e política monetária

Para o CSFB, a freada dos últimos meses de 2004 pode acarretar uma mudança na postura do Banco Central, que tem elevado sistematicamente os juros para conter a inflação. "Este resultado reforça a nossa avaliação de que a demanda doméstica não está exercendo pressão significativa sobre a inflação", afirma o banco em seu relatório. Isto porque, mesmo com a economia mais lenta e os juros mais altos, a inflação ainda está acima da meta de 5,1% estabelecida para 2005.

Agostini, da GRC Visão, afirma, porém, que ainda é cedo para se dizer que os juros altos já frearam a economia - o que seria verdade pelo pequeno crescimento do PIB entre outubro e dezembro sem ter derrubado a inflação. "Há sempre um intervalo de tempo entre a alta dos juros e seus efeitos, que serão sentidos apenas a partir de janeiro", diz.

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