Petrodólares, e não os chineses, financiam o déficit americano
Reportagem da revista The Economist mostra que os países produtores de petróleo têm gerado superávits muito maiores do que os dos países asiáticos, incluindo a China
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h22.
Os americanos costumam repetir que a culpa pelo déficit em conta corrente do país - que já chega a 900 bilhões de dólares - é dos chineses. Segundo a revista The Economist, a acusação é injusta; os culpados são os exportadores de petróleo. Assim como nos anos 70, quando os petrodólares inundaram o mercado americano, são eles que estão, novamente, preocupando a maior economia do mundo.
A reportagem da revista britânica mostra que o grupo de países exportadores de petróleo vem aumentando consideravelmente seus superávits em conta corrente. O preço do produto vem ajudando - na semana passada passou dos 70 dólares o barril. De acordo com a revista, os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), junto com Rússia e Noruega, geraram uma receita com petróleo de 800 bilhões de dólares no ano passado. Descontada a inflação, trata-se do maior montante desde os anos 80.
O produto vem gerando superávits consideráveis para esses países. No ano passado, o somatório chegou a 400 bilhões de dólares. Enquanto isso, o superávit dos países emergentes asiáticos, incluindo a China, foi de 240 bilhões. O saldo nas contas dos exportadores de petróleo também são bem maiores quando comparados ao Produto Interno Bruto (PIB) desses países: 18%, enquanto no caso dos asiáticos, esse número é de apenas 7%.
Em outras palavras, não são apenas os chineses - ou principalmente eles - que vêm financiando o déficit americano. Quem vem bancando a maior parte do rombo são os famosos petrodólares, diz a revista britânica.
Os petrodólares, resultado de altas expressivas do produto no mercado internacional, têm dois destinos: eles podem ser utilizados no pagamento de importações de produtos e serviços ou investidos no mercado financeiro mundial. Os números pesquisados por The Economist mostram que os produtores de petróleo estão preferindo essa segunda opção, especificamente títulos do tesouro americano.
Por enquanto, diz a revista, esses países - cuja maioria está localizada na região do Oriente Médio - estão felizes com seus "american bonds". Mas eles podem mudar idéia, sobretudo no caso de a política externa americana desagradar seus líderes. "Devedores não podem se dar ao luxo de tratarem mal seus credores", diz a revista.