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Petrobras nega aumento de preços do gás e suspende planos na Bolívia

Estatal pretendia ampliar o fornecimento de gás boliviano em 15 milhões de metros cúbicos diários, mas cancelou o investimento

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, anunciou nesta quarta-feira (3/5) a suspensão dos planos de investimento da estatal na Bolívia, mas evitou apresentar a decisão como uma represália à nacionalização das reservas de petróleo, decretada pelo governo boliviano em 1º de maio. "Não é uma represália. É um problema de análise econômica", afirmou durante encontro com jornalistas na sede da companhia.

No início de 2006, a Transportadora de Gás da Bolívia (TGB), companhia controlada pela Petrobras e responsável pela operação do gasoduto Brasil-Bolívia, abriu uma licitação para ampliar a capacidade de transporte da tubulação em 15 milhões de metros cúbicos diários. Do total, 4 milhões viriam da instalação de compressores ao longo dos 3 200 quilômetros de dutos que ligam os dois países. Outros 11 milhões de metros cúbicos seriam acrescidos por meio da ampliação da capacidade da rede. É a desistência dessa licitação que Gabrielli anunciou hoje.

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O contrato atual entre os dois países determina o fornecimento diário de 30 milhões de metros cúbicos de gás. Como a demanda pelo combustível está crescendo cerca de 15% a 20% ao ano no país, a suspensão do projeto significa que a Petrobras deverá encontrar uma alternativa de abastecimento a partir de 2008, segundo o presidente da estatal brasileira. Uma das opções é a construção de três fábricas para processar Gás Natural Líquido (GNL), que seria importado. De acordo com o diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cervero, uma unidade poderia ser implantada no Rio de Janeiro e outras duas, no Nordeste.

Pelo atual ritmo de expansão da demanda, o Brasil chegaria a 2010 com um déficit de 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia - justamente o volume que seria suprido com a expansão do gasoduto, suspensa nesta quarta-feira. Não é certo, porém, que a companhia consiga construir as fábricas de processamento de GNL a tempo de suprir o consumo brasileiro. "Vamos tentar viabilizar os projetos até 2008 e 2009", afirmou Gabrielli, na entrevista de hoje.

Preços

Gabrielli também declarou que a petrolífera brasileira irá rejeitar o aumento dos preços do gás natural, pleiteado pela Bolívia. "Somos contra [o aumento de preços] e vamos lutar nos termos do contrato atual", afirmou. Com validade até 2019, o acordo assinado pela Petrobras estabelece um preço de 3,25 dólares por milhão de BTU (unidade de medida de energia) de gás natural. As condições são vantajosas para o Brasil, já que, em outros países, o preço desse combustível chega a 12 dólares por milhão de BTU, como no caso dos Estados Unidos.

O presidente da Petrobras não descartou, porém, recorrer a um tribunal internacional de arbitragem para anular a decisão boliviana de nacionalizar as reservas de petróleo e gás do país.

Qualquer passo concreto nesse sentido, porém, deverá esperar o resultado do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seus colegas Nestor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela), marcado para esta quinta-feira (4/5) na cidade argentina de Puerto Iguazú. No encontro, os presidentes discutirão os impactos das medidas bolivianas.

Até o momento, porém, Lula não adotou uma postura firme em relação à Bolívia. Nesta quarta-feira, o presidente afirmou que "não existe crise Brasil- Bolívia. Existirá um ajuste necessário com um povo sofrido e que tem o direito de reivindicar e de ter mais poder". As declarações foram dadas na abertura oficial da 16ª Reunião Regional Americana da Organização Internacional do Trabalho, realizada em Brasília.

Com informações da Agência Brasil.

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