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Parcela de dívida atrelada ao câmbio é o menor da série histórica

Papéis cambiais representaram 13,15% da dívida federal interna em agosto. Na outra ponta, cresce a parcela de títulos públicos atrelados à inflação

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h05.

Em agosto, a dívida pública interna atrelada ao câmbio atingiu a menor participação sobre o endividamento total do governo desde 1999, quando o Tesouro Nacional começou a série histórica. No mês passado, os títulos cambiais somaram 100,18 bilhões de reais e representaram 13,15% da dívida pública mobiliária federal (DPMFi), já consideradas as operações de swap.

O governo vem reduzindo sucessivamente a dívida atrelada ao dólar. Em dezembro de 2002, às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o câmbio era a referência de rentabilidade para 37% da DPMFi, que, à época, somava 623,19 bilhões de reais. Em outubro do mesmo ano, quando ocorreram as eleições, o percentual era de 26,62%.

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Em contrapartida, as parcelas de papéis prefixados e atrelados a índices de preços estão crescendo. Em agosto, os prefixados somaram 126,87 bilhões de reais, ou 16,66% da dívida interna federal, contra 15,13% em julho e 12,57% em janeiro. Em dezembro de 2002, representavam apenas 2,19% da dívida.

Prazos

O prazo médio dos papéis emitidos continua em queda. Em agosto baixou para 13,3 meses, sendo que, em julho, estava em 20,5 meses. Já o vencimento médio dos papéis em estoque (emitidos em meses anteriores) caiu de 29,9 meses para 29,3 meses. O encurtamento dos prazos refletiu-se também no aumento da parcela de dívida com vencimento em até 12 meses. Em julho, esses papéis representavam 41,9% da DPMFi, subindo para 44,5% em agosto. Isto equivale a um aumento de 20,6 bilhões de reais nas dívidas de curto prazo, que somam agora 338,68 bilhões de reais.

Inflação

No caso dos títulos remunerados pela inflação, os 117,04 bilhões de reais representaram 15,36% da dívida de agosto. Em julho, a fatia correspondeu a 15,12% e, em janeiro, a 13,55%. A DPMFi encerrou agosto em 761,8 bilhões de reais, com alta de 0,34% sobre os 759,2 bilhões de julho.

A queda da exposição ao câmbio e o aumento do vínculo a índices de preços têm dois lados. Para os investidores, isso pode significar a confirmação de que o câmbio permanecerá relativamente estável e de que a inflação crescerá nos próximos meses. O último relatório semanal de mercado, publicado pelo Banco Central, por exemplo, mostra que as instituições financeiras pesquisadas apostam no aumento do IPCA, o índice oficial de inflação há, pelo menos, quatro semanas. Na média, espera-se que o indicador acumule alta de 7,37% neste ano e de 5,7% em 2005. Há quatro semanas, as projeções eram de 7,16% e 5,5%, respectivamente. Já a estimativa para a taxa média de câmbio vem caindo há três semanas. O mercado espera que o dólar feche o ano com cotação média de 3 reais em 2004 e de 3,13 em 2005. Três semanas atrás, os valores eram de 3,03 e 3,15, respectivamente.

Selic

Já para o governo, a troca de peso entre as dívidas cambiais e atreladas à inflação pode ser positiva se conseguir controlar o aumento de preços. A maior parcela da DPMFi, contudo, continua atrelada à taxa Selic. Em agosto, esses papéis somaram 52,93% da dívida total, ou 403,21 bilhões de reais. Em janeiro, a parcela era de 51,05%. Às vésperas da posse de Lula, em dezembro de 2002, a porcentagem era ainda menor: 46,21%.

Segundo relatório da consultoria Global Station, a perspectiva de aumento da Selic pelo Banco Central dificulta a redução da parcela da dívida atrelada a essa taxa. Nesta quarta-feira (15/9), o Copom deve anunciar a Selic para os próximos 30 dias, e cresce no mercado a expectativa de que a taxa seja aumentada. "Como há expectativa de elevação dos juros, o movimento natural será de aumento da demanda por títulos pós-fixados, fazendo com que a procura pelos títulos prefixados enfraqueça. Assim, aumenta a dificuldade para o governo conseguir se financiar com juros menores", afirma o relatório.

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