Mesmo com a alta (1,69%) do dólar de ontem, o mercado se mantém otimista em relação à cotação da moeda americana -- e considera esta terça-feira (3/09) o primeiro dia da semana.

Os mercados americanos voltam a operar (ontem foi feriado do Dia do Trabalho no país), trazendo volume para os negócios. Alguns analistas apostam que a última pesquisa eleitoral, divulgada no domingo, tenha seus efeitos sentidos a partir de hoje. Segundo o Datafolha, José Serra (PSDB/PMDB) está empatado tecnicamente com Ciro Gomes (Frente Trabalhista) nas intenções de voto do eleitorado.

O mercado também espera a volta do leilão de linhas de crédito para financiamento de exportações. Ontem, o Banco Central cancelou o leilão diário por falta de demanda. A novidade é que o BC ampliou o número de instituições financeiras que participam da operação. Os chamados dealers são bancos credenciados que compram os dólares do governo. Como a demanda pela moeda está baixa, o BC decidiu credenciar mais compradores. Desde o dia 23/08, já foram vendidos mais de 400 milhões de dólares, de um total de 2 bilhões reservados para injetar no mercado.

O crédito para o exportador brasileiro continua sendo uma das maiores preocupações do governo, que anunciou ontem a retomada das conversas com banqueiros estrangeiros. No próximo final de semana, a equipe econômica inicia mais uma viagem para negociar a reabertura de linhas de financiamento às exportações.

Armínio Fraga, presidente do BC, viaja na sexta-feira para Basiléia, na Suíça, onde participará do encontro de presidentes de bancos centrais organizado pelo Banco para Compensações Internacionais (BIS). Será o primeiro de uma série de encontros que acontecerão durante a semana que vem pela Europa. Pedro Malan, ministro da Fazenda, irá para por Madri, Londres e Paris. O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Caramuru, segue para Tóquio.

Viés de baixa

Ainda se mantém entre alguns analistas a expectativa de que o BC possa cortar a taxa de juros esta semana. "Com base no quadro atual de melhora nas contas correntes, o quase cumprimento da meta fiscal negociada com o FMI , baixo nível de atividade e perspectivas eleitorais menos inquietantes para o mercado, não seria impossível imaginar que o BC poderia vir a fazer uso do viés de baixa nos juros" , afirmam analistas do Lloyds TSB. Em outras palavras: se o dólar se mantiver estável aos 3 reais e o governo considerar satisfatório o cenário econômico deste momento, é possível que haja corte nos juros.