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Para Ibope, Lula não se tornou invencível

Recente crescimento nas pesquisas de opinião não consolida vantagem do presidente na corrida pela reeleição, na avaliação do instituto de pesquisa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

O recente crescimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto fez com que sua equipe decretasse o início da reviravolta eleitoral que lhe garantirá mais um mandato no Palácio do Planalto. Mas, para especialistas em opinião pública, ainda é bastante cedo para festejar. "Sem dúvida, é um momento positivo para Lula, mas não se trata de uma disparada. Ele não vai se tornar invencível nesta eleição", afirma Silvia Cervellini, diretora do Ibope Opinião.

O que mais anima os partidários de Lula é a última pesquisa CNT/Sensus, divulgada em 14 de fevereiro. Nela, o presidente retoma a dianteira no primeiro turno e venceria, em segundo turno, com uma vantagem de dez pontos sobre o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) - tido como o nome mais forte para enfrentá-lo. Lula receberia 47,6% dos votos, contra 37,6% para Serra.

O resultado reverteu o desânimo causado pelas pesquisas anteriores, que assinalavam a vitória de Serra no segundo turno. Na pesquisa anterior da CNT/Sensus, realizada em novembro, o prefeito paulistano venceria Lula com 41,5% dos votos.

Para Silvia, porém, tanto as pesquisas que mostram uma disparada de Lula, quanto as que apontam uma vantagem da oposição, ainda não se sustentam em um quadro consolidado de candidaturas e, por isso, é prematuro fazer prognósticos. A avaliação vale para os dois lados: governo e oposicionistas. "A liderança da oposição nas pesquisas de fim de ano foi uma bolha", diz. Segundo a pesquisadora, quando se descartam os resultados de novembro e dezembro, encontra-se um quadro bem mais estável, com Lula, tucanos e os demais pré-candidatos dividindo igualmente as intenções de voto.

Eleitorado volátil

Segundo Silvia, Lula precisa evitar o clima de "já ganhou" porque o eleitorado está cada vez mais volátil. Sem o início da campanha eleitoral na televisão, o que as pesquisas estão captando hoje é muito mais o tempo de exposição dos concorrentes na mídia, que o retorno, em votos, de suas propostas.

Os mais jovens (entre 16 e 24 anos) também compõem uma parcela importante do eleitorado. Sem memória política e bastante influenciáveis pelos meios de comunicação, esses eleitores tendem a mudar constantemente de voto, o que favorece grandes oscilações nas pesquisas.

Além disso, Silvia afirma que Lula terá uma árida tarefa: conquistar o voto de quem avalia seu governo razoável. Entre os que afirmam que seu governo é ótimo ou bom, 75% declaram voto em Lula e não pretendem mudar de intenção. "Essa taxa já está perto do teto. O presidente poderá chegar a 80%, mas terá que ganhar votos na camada dos ';regulares';, onde a avaliação é mais severa e constante", diz.

Bandeira correta

Participando de uma teleconferência promovida pela consultoria Tendências, Silvia observou que a disputa será acirrada e vencerá o candidato que escolher a bandeira certa. Para surpresa da audiência, a diretora do Ibope Opinião avalia que a ética não será um tema empolgante para os eleitores neste ano. Principal calcanhar-de-aquiles de Lula desde que as denúncias de corrupção envolveram seu governo e arranharam a imagem do PT, o assunto pode ser menos interessante para os brasileiros do que se pensa.

Dados preliminares de uma pesquisa do Ibope mostram que a maioria dos brasileiros já cometeu algum tipo de ato ilícito em sua vida cotidiana, como subornar um guarda para escapar de uma multa de trânsito. A maior parte dos que admitiram condutas irregulares justificaram o ato com um argumento pragmático, isto é, ganharam mais sendo ilícitos, do que o contrário. "Alguns eleitores até tendem a se identificar com candidatos que cometem alguma irregularidade por motivos práticos", diz.

Assim, restam outros temas para compor a agenda de campanha: economia, questões sociais, capacidade de gestão de governo. Mas, mesmo nessas áreas, uma comparação entre os oito anos de governo tucano e o atual pode ter resultados ambíguos. Por um lado, Lula apresenta alguns números fortes na economia, como os saldos comerciais e o equilíbrio fiscal. Por outro, não gerou todos os empregos que prometeu, nem distribuiu renda na velocidade com que acenara. "Dependendo de como a oposição conduzir a campanha, o debate será mais ou menos equilibrado", afirma.

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