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Para Guedes, é melhor ampliar gasto social do que seguir estritamente teto

'A Economia não tem a última palavra', disse Guedes sobre aceitar um déficit maior

"Todo mundo sabe que eu queria manter o teto", afirmou Guedes (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de novembro de 2021 às 13h56.

Última atualização em 23 de novembro de 2021 às 14h14.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta terça-feira 23, que é melhor ampliar um pouco os gastos sociais do que respeitar estritamente o teto de gastos. Guedes presta esclarecimentos a duas comissões da Câmara dos Deputados sobre seus investimentos no exterior. "Eu perdi secretário da Receita, perdi gente que acha que tinha de ter sido respeitado estritamente o teto. Eu disse: é melhor fazer uma aterrissagem mais suave no fiscal, mas atender mais o social", afirmou. "Eu tinha secretário do Tesouro que preferiu pedir demissão do que aumentar o valor do benefício de R$ 300 para R$ 400."

Em audiência nas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle, Guedes disse que a Economia não tem a última palavra no Brasil e que as mudanças no teto de gastos para garantir um aumento de gastos sociais fazem parte da democracia do País. "Todo mundo sabe que eu queria manter o teto", afirmou.

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Guedes se defendeu ainda da visão de que estaria sendo "descredenciado pelos economistas" por ceder às pressões da Câmara e do Senado e aceitar um déficit maior. "A Economia não tem a última palavra, a Economia luta até o final pelo que é correto tecnicamente", disse Guedes, para quem não faria sentido pedir demissão do cargo uma vez que a prevalência da vontade política não viola a arquitetura fiscal.

"O déficit foi para 10,5% do PIB, voltou para 1,0% e iria ser zero em 2022. Em vez de ir para zero, fica em 1,0%. Por que? Porque o povo brasileiro estava com fome, e a política resolveu empurrar mais um pouco a fronteira fiscal. É isso que eu me limito a fazer", afirmou o ministro.

Conversas com o mercado financeiro

Guedes disse ainda a deputados que mantém apenas conversas raras e em ocasiões públicas com membros do mercado financeiro. Ele negou ter qualquer proximidade com o BTG Pactual e disse ter se dissociado completamente do banco. Notou que, durante a pandemia a Economia deixou de chamar o BTG para diálogos sobre temas como crédito agrícola para evitar qualquer tipo de "conversa cruzada".

O ministro também voltou a repetir que não tem nenhum investimento em empresas no País. "Eu vendi todas as participações nas empresas que eu estava tocando, não tenho nenhuma ligação com nenhum desses sócios mais", disse. "Eu fui mais realista do que o rei, eu realmente me distanciei de tudo que pudesse ter alcance."

Ainda afirmou que a operação Greenfield, que apura supostas fraudes em fundos de pensão, foi encerrada por julgamento na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Guedes era um dos investigados pela operação. O ministro disse ter recebido uma visita de interventores do fundo Postalis para agradecê-lo pelo retorno que seu fundo havia gerado.

Guedes presta explicações nesta terça sobre seus investimentos no exterior às duas comissões da Câmara. Em outubro, a revista Piauí e o site Poder360 revelaram a existência de empresas offshore em nome de Guedes e de Campos Neto. As informações fazem parte da investigação dos Pandora Papers, coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

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