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Para empresários, boa gestão em SP torna Alckmin um candidato forte

Líderes de diversos setores acreditam que o tucano implementaria ajuste fiscal e desoneração de tributos se eleito

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

A escolha do governador Geraldo Alckmin como candidato do PSDB à presidência da República, anunciada ontem (14/3), surtiu manifestações de apoio por parte de empresários. Empresários e analistas de mercado consideraram positiva a decisão do partido.

Para Alfredo Setubal, diretor de Relações com os Investidores da Itaú Holding, a decisão do PSDB pelo governador paulista foi correta em razão de ele ser um "ótimo candidato" e de ter feito uma "gestão excepcional em São Paulo". Setubal, que também é presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento, afirma que o fato de o governador não ser conhecido nacionalmente não prejudica a campanha.

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O apoio dos empresários do Itaú a Alckmin, conhecido desde a reportagem de capa de EXAME em outubro do ano passado, se justifica no reconhecimento por parte dos banqueiros da capacidade gerencial do governador. "[Alckmin] tem um perfil de ';gerentão';. Em razão disso, ele vai acompanhar de perto a administração e a gestão dos ministros", afirma Setubal, ao mencionar que considera a administração de Lula correta, apesar de ter-se mostrado ineficiente em alguns aspectos - como na condução dos programas sociais no início do governo e a pouca habilidade para encerrar o processo de denúncias de corrupção em 2005.

Salientando o caráter apartidário da Bolsa de Valores de São Paulo, o presidente Raymundo Magliano, também reconhece no governador um grande gestor. "[O Alckmin] é um administrador que conhece profundamente a máquina pública", afirma.

Economia

Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, é outro que pede reformas mais eficazes - e acha que Alckmin seria um presidente capaz de implementá-las. Para ele, o candidato tucano tem vocação desenvolvimentista, e deve começar as mudanças na economia pela indústria se for eleito. "Ele será o presidente da desoneração da produção", diz.

Essa seria uma forma de aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo, entende o empresário. "Uma coisa é certa: o ministério da Indústria e do Comércio teria muito mais relevância [em um governo Alckmin] do que tem atualmente", afirma. Tanta perspectiva otimista, diz Synésio, vem da atuação de Alckmin à frente da administração de São Paulo: "Ele foi de uma competência extraordinária".

"Não esperamos grandes mudanças na condução da economia", afirma o banqueiro Setubal. Ele acredita, entretanto, "num grande trabalho de ajuste fiscal", com uma reforma fiscal e tributária, melhor gestão dos gastos públicos, volta das privatizações e a redução da carga tributária.

Para João Nogueira Batista, vice-presidente sênior da Suzano Holding, o conteúdo da campanha tucana ditará o sucesso da candidatura do governador paulista. "Ele tem de apresentar um projeto de longo prazo e suprapartidário para o país", disse Nogueira, após a cerimônia de posse como presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores, em São Paulo.

O presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas, Alfried Plöger, é mais direto: quer a redução consistente da taxa de juros no Brasil. "Hoje 95% dos investidores no Brasil estão na renda fixa em razão dos juros altos e da cultura de curto prazo", diz. "O crescimento do PIB de apenas 2,3% é resultado dessa política, que não permite o avanço do país".

Apesar de otimistas com a escolha do partido tucano, boa parte dos empresários admite: a corrida presidencial está começando, e Lula disparou na frente como favorito.

Reação do mercado

Se as palavras dos empresários mostraram otimismo diante da candidatura de Alckmin, a reação dos investidores foi traduzida em números. A confirmação da escolha de Alckmin pelo PSDB foi dada por volta das 17 horas da terça (14/03), uma hora antes do encerramento do pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), quando o Ibovespa exibia valorização de 1,49%. Após a notícia, a alta do índice ganhou força e fechou a 2%, máxima do dia.

Em relatório, o banco UBS afirmou que o anúncio dos tucanos beneficiou o resultado da Bovespa no dia. "A decisão de José Serra de se retirar da disputa pela candidatura do PSDB nas eleições presidenciais de outubro, em favor do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi bem recebida pelo mercado", diz o banco. De acordo com a instituição, o paulista é um candidato bem visto pelo investidores "porque é considerado mais aberto ao mercado, menos autoritário e intervencionista do que José Serra", além de ostentar fama de "negociador paciente".

Nesta quarta-feira (15/03), a notícia ainda provocou efeito de alta na Bovespa, segundo o sócio da Link Corretora Marcos Elias, notada principalmente em ações de empresas do setor elétrico. "Houve uma reação bastante positiva, principalmente de alguns ativos públicos como Cesp [Companhia Energética de São Paulo], Eletrobras, porque é um setor que precisa ser bem regulado. O mercado entende que Lula é bastante ortodoxo, mas que o PSDB seria mais competente", diz. O Ibovespa fechou a quarta-feira com valorização de 1,87%., auxiliado pelo bom desempenho das bolsas internacionais, segundo Elias.

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